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Dono do Abanca diz que banco é de direito espanhol e independente da Venezuela

“Nos próximos três anos queremos focar-nos em manter níveis altos de rentabilidade com níveis sólidos de capital”, diz o banco. O Abanca em Portugal será focado na banca privada (private banking) e na banca de empresas.
5 Abril 2018, 17h40

Juan Carlos Escotet, maior acionista (com 87%), em simultâneo, do espanhol Abanca e do venezuelano Banesco (maior banco do país), esteve hoje em Portugal para falar do projecto Abanca para Portugal. O encontro ocorre depois de o Abanca ter comprado a operação de retalho da sucursal do Deutsche Bank em Portugal.

Desde logo Juan Carlos Escotet afastou que o Abanca esteja à mercê de qualquer risco da Venezuela. Isto quando questionado pelos jornalistas sobre se o banco estaria à mercê dos ímpetos de nacionalização de empresas do regime de Nicolás Maduro.

Isto porque a  estrutura acionista deixa o Abanca fora da alçada da Venezuela.  A Abanca Holding Financiero, é a dona do banco galego Abanca, que resultou da fusão do Caixa Galicia e Caixa Nova.

Escotet explica, que há uma empresa (de Juan Carlos Escotet e outros acionistas) que é dona dos dois bancos, o espanhol e o venezuelano. Mas o Abanca é um banco de direito espanhol que está entre as instituições financeiras supervisionadas pelo Banco Central Europeu (está 53º lugar numa lista de 120 bancos considerados, pela sua dimensão, de importância sistémica). O Abanca em Portugal é uma sucursal do Abanca de Espanha, e assim vai continuar, defende o responsável pelo banco.

Juan Carlos Escotet é venezuelano, mas nasceu em Madrid, explica.

Num encontro com a imprensa onde estavam também o responsável pela sucursal do Abanca em Portugal, Pedro Pimenta, e Francisco (Paco) Botas, conselheiro delegado do Abanca em Espanha, foram apresentados os números em Portugal pós-Deutsche Bank e apresentado em números o banco galego Abanca.

“Estamos presentes em 10 países da Europa e América”, diz o Abanca. Nesses 10 países, apenas na Suíça e em Portugal estão com uma operação local com rede de balcões, nos restantes estão com um escritório de representação. É assim no Reino Unido, França, Alemanha, México, Panamá, Venezuela e Brasil.

Mas a grande aposta na internacionalização é precisamente Portugal. O Abanca em Portugal vai reforçar o enfoque atual na banca privada e banca de empresas. O Abanca quer aproveitar o crescimento económico do país, a queda do desemprego, e o facto de muitas das grandes empresas suas clientes em Espanha estarem em Portugal, como por exemplo a Inditex.

O negócio de compra do Deustche Bank começou em 2017, mas no início do ano, fonte oficial do banco espanhol, questionado pelo Jornal Económico desmentiu que estivessem a estudar a compra do Deutsche Bank, notícia que acabou por se confirmar no passado dia 18 de março. O Jornal Económico avançou em primeira-mão o interesse do Abanca no Deutsche Bank.

Na corrida ao Deutsche Bank Portugal estiveram dois estrangeiros e dois portugueses (um deles será o Banco CTT).

Os espanhóis não revelam quanto pagaram pela operação de retalho do Deutsche Bank em Portugal.

A integração completa da operação do Deutsche Bank só estará concluída no primeiro semestre de 2019, anunciaram.

“Os nossos níveis de capital permitem-nos tirar partido das oportunidades de crescimento no mercado”, disse José Carlos Escotet que revelou que o Abanca tem 15% de rácio de capital CET1 (phased-in); 14,3% de CET1 (fully loaded) e que os fundos próprios de base (CET1) superam as exigências do BCE em 1.863 milhões de euros.

Em termos de rating o Abanca já está em investment grade (grau de investimento) pela S&P e Dun and Bradstreet (mas não ainda pela Moody´s e pela Fitch).

“Nos próximos três anos queremos focar-nos em manter níveis altos de rentabilidade com níveis sólidos de capital”, diz o banco.

A compra do Deutsche Bank reforça o posicionamento do Abanca em Portugal aos 4 balcões acrescenta mais 41, mais 300 colaboradores, 100 agentes externos, 1.000 milhões de euros de depósitos, 3.100 milhões de recursos de clientes fora do balanço, 2.400 milhões de crédito, e um total de 50.000 clientes.

Juan Carlos Escotet disse que a equipa de gestão do Abanca em Portugal será portuguesa, à semelhança do que fazem em Espanha.

A compra da operação de retalho do Deustche em Portugal “reforça o posicionamento do Abanca nos principais centros económicos portugueses; o foco na banca privada com modelo de consultoria financeira, é uma oportunidade para o desenvolvimento do segmento empresas e potencial para comercialização de produtos de seguros”. Neste caso (nos seguros), o dono do Abanca disse que em Espanha têm a Abanca Seguros e Pensiones, mas que tencionam comercializar seguros de várias companhias.

 

 

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