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Dos ‘gatafunhos’ ao troféu: começa hoje a fase final da Liga que ‘fala’ português desde o berço

Alemães, espanhóis e franceses riram-se da ideia que nasceu de um ‘gatafunho’ de Tiago Craveiro, diretor-geral da FPF, mas Platini e Ceferin (mais tarde) deram o aval à Liga das Nações. Depois, uma equipa 100% portuguesa criou a identidade visual e o desafiante troféu da Liga das Nações, que inicia esta quarta-feira a fase final.
5 Junho 2019, 07h42

Quando Tiago Craveiro, diretor-geral da Federação Portuguesa de Futebol, escreveu aquilo que apelidou como uns ‘gatafunhos’, fotografados por Infantino com um telemóvel e enviados para Platini, poucos imaginavam que Portugal podia estar a 180 minutos de conquistar o troféu que foi idealizado e desenvolvido em ‘português’.

A ideia parecia simples: acabar com os jogos amigáveis e poder ocupar esse espaço com uma competição para a qual seria possível vender os direitos televisivos. Na reunião com Platini, Tiago Craveiro enfrentou gargalhada, ceticismo e ironia por parte das cinco federações mais fortes da Europa. O então presidente da UEFA não se deixou influenciar e gostou da ideia. Ceferin deu-lhe corpo e nasceu a Liga das Nações.

Conceber o troféu em português

“A UEFA fez-nos um desafio para o qual não estávamos à espera mas que aceitámos: criar um troféu diferente de todos os outros”, começou por explicar Pedro Gonzalez, Managing Director da Y&R Branding, em entrevista ao Jornal Económico. A empresa do grupo Y&R foi designada para desenvolver toda a identidade visual associada à marca “Liga das Nações” (a nova competição de seleções da UEFA que vai arrancar em setembro) mas acabou por ser desafiada para conceber o troféu que a seleção campeã vai erguer na final da prova a realizar em maio/junho de 2019. O Managing Director da Y&R Branding esclareceu que a ideia inicial passava por colocar uma bandeira como troféu e que após várias reuniões, foi concebida uma taça que simboliza uma bandeira enrolada à volta do mastro. “O padrão do logo da competição foi impresso no interior do troféu e acabou por haver uma ligação muito forte entre a identidade visual da marca e o troféu”, esclareceu Pedro Gonzalez.

No imaginário dos portugueses ainda está presente a festa da conquista do Europeu de futebol em 2016. Será que essas imagens inesquecíveis estiveram presentes no ato de criação do troféu? “Confesso que usámos muitas imagens da conquista do Europeu de 2016 por parte de Portugal em todo este processo como base para maquetizar as peças que desenvolvemos e para apresentar a proposta”, explicou Pedro Gonzalez. Sobre o processo de concretização, este responsável da Y&R Branding sublinhou ao Jornal Económico que o troféu foi uma obra de engenharia e de manufactura pela complexidade que envolveu. “A taça é de fácil manuseamento e houve a preocupação para que esta peça não se tornasse num objeto perigoso para quem o manuseasse, algo que também foi acautelado pela UEFA”, explicou o responsável.

O troféu mais difícil de todos

A equipa que montou a versão final do troféu afirmou que a taça da Liga das Nações foi o mais difícil que alguma vez concretizaram. Para Pedro Gonzalez, esse é um elogio a todo o trabalho desenvolvido mas quem monta também adora que lhes sejam colocados problemas complexos para resolver. Imprimir o interior do troféu, por exemplo, foi algo muito complexo de executar. O troféu final está muito próximo do nosso projeto e ficámos muito satisfeitos de ter encontrado alguém que o conseguisse materializar como nós o concebemos”.

Sem revelar os valores envolvidos na contratualização do desenvolvimento da identidade visual da marca “Liga das Nações” com a UEFA, Pedro Gonzalez adiantou apenas que o valor foi o suficiente para garantir que uma equipa de dez pessoas (100% portuguesa) pudesse envolver-se neste projeto em exclusivo durante um ano e meio. “É um trabalho exaustivo, longo, com múltiplas fases, não apenas a conceção do troféu mas de toda a identidade da marca. É um trabalho técnico que tem de permitir que a marca funcione em múltiplos ambientes, desde a aplicação em estádios até ao seu uso em peças mais convencionais”. Para a final, só um desejo: “Só espero que Ronaldo seja o primeiro capitão de equipa a erguer este troféu!”, espera o Managing Director da Y&R Branding.

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