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Draghi: temos de ser persistentes na política monetária e prudentes nos ajustes

O presidente do Banco Central Europeu sublinhou, em Sintra, que os sinais sobre a retoma na zona euro são positivos, mas adiantou que o banco central precisa de continuar com as políticas atuais de estímulos e de ter cuidado quando pensar em ajustar as medidas de forma gradual.
27 Junho 2017, 09h30

O Banco Central Europeu (BCE) está confiante que a politica monetária esta a ser eficaz e a ter efeitos na economia real, com sinais de fortalecimento e alargamento da retoma na zona euro, mas para que as dinâmicas da inflação se tornem duradouras e auto-sustentáveis o banco tem de persistir com a atual política e agir com prudência quando ajustar os parâmetros, disse o presidente da instituição.

No discurso de abertura do Fórum do BCE na Penha Longa, em Sintra, esta terça-feira, Mario Draghi afirmou que a avaliação do banco central para a inflação e a política monetária pode ser resumida em três mensagens.

“A primeira é a confiança que a política monetária está a ser eficaz e que o processo de transmissão vai funcionar. Todos os sinais apontam agora para o fortalecimento e o alargamento da recuperação na zona euro. As forças deflacionárias foram substituídas pelas da reflação”, afirmou.

O italiano adiantou que embora existam ainda fatores que pesam na inflação, de momento, são principalmente fatores temporários. Explicou que, no entanto, é necessário ainda um grau considerável de acomodação monetária para as dinâmicas da inflação serem duradouras e auto-sustentáveis. “Portanto, para estarmos seguros sobre o regresso da inflação ao nosso objetivo, precisamos de persistência na política monetária”.

O mandato do BCE é de inflação perto, mas abaixo dos 2%. Em maio a inflação na zona euro foi de 1,4%, uma desaceleração dos 1,9% registados em abril. A estimativa da subida de preços em junho será publicados esta sexta-feira.

“E, finalmente, precisamos de prudência. À medida que a economia melhorar vamos ter de ser graduais no ajustar dos parâmetros da política, para assegurar que os nossos estímulos acompanhem a recuperação no meio da remanescentes incertezas”, salientou Draghi.

Efeitos temporários

O presidente do BCE salientou a vertente temporária dos obstáculos à inflação. “A política monetária está a funcionar para alimentar as pressões reflácionárias, mas este processo está a ser travado por uma combinação de choques externos de preços, mais folga no mercado de trabalho e alterações na relação entre essa folga e a inflação. O período de inflação baixa no passado também está a perpetuar essas dinâmicas”.

“Estes efeitos são, no entanto,  temporários no seu conjunto e não deverão causar um desvio da inflação da tendência de médio prazo, desde que a política monetária continue a ser uma âncora sólida das expetativas sobre a inflação”, disse Draghi, para explicar as três mensagens.

Em reação ao discurso de Draghi, o euro subiu para um máximo de nove dias face à moeda norte-americana para os 1,1245 dólares, uma apreciação de cerca de 0,50%. No mercado secundário de dívida, as yields das obrigações na zona euro subiram cerca de 3 pontos base, com a dos Bunds alemães a 10 anos a atingirem um máximo intraday de 0,27%.

“Draghi falou mais sobre o médio prazo e sobre o BCE estar um bocado mais seguro que a inflação irá regressar ao objetivo”, disse Cathal Kennedy, economista na RBC em Londres, à Reuters. “Mas não vejo a mensagem como sendo muito diferente do que já ouvimos anteriormente. Parece estar a haver um ligeira reação exagerada no mercado”.

[Atualizada às 09h59]

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