[weglot_switcher]

Duarte Cordeiro: “Fernando Medina será no futuro aquilo que ele quiser que venha a ser”

Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares espera bons resultados nas eleições autárquicas, apesar de antecipar “um ano muito difícil para o Governo e para os presidentes de câmara”.
  • Cristina Bernardo
14 Dezembro 2020, 07h35

Muito próximo do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, tanto a nível pessoal como ideologicamente na ala esquerda do PS, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares elogia o desempenho do atual presidente da Câmara de Lisboa e da Área Metropolitana de Lisboa, apontando Fernando Medina como um dos autarcas com que conta para manter a hegemonia socialista nas eleições autárquicas do final do próximo ano. Mas Duarte Cordeiro sublinha que não é hora de pensar na sucessão de António Costa: “Não faz muito sentido o PS aceitar a ideia de discutir para além deste Governo e para além do atual secretário-geral e primeiro-ministro. Pelo contrário, devemos projetar junto das pessoas que estamos comprometidos em prosseguir este percurso.”

António Guterres também não tinha maioria absoluta em 2001, quando deixou o poder de livre vontade após umas autárquicas desastrosas, para “evitar o pântano político”. À distância de um ano pensa que o PS tem garantidas as vitórias em Lisboa, Sintra e Vila Nova de Gaia?
O PS trabalha todos os dias, nomeadamente os seus autarcas, para fazer bons mandatos e dentro daquilo que é possível renovar a confiança dos cidadãos nos nossos projetos políticos. Estou .confiante com o trabalho dos autarcas do PS e é com confiança que avaliamos o trabalho feito e aquilo que se espera fazer ao longo deste ano. Mas é um ano muito difícil para o Governo e para os presidentes de câmara. Da minha parte existe a convicção de que o PS tem feito bons mandatos autárquicos em todas as câmaras onde tem exercido o seu mandato, e em particular nas que referiu.

Do lado do centro-direita, e mais concretamente do PSD, haverá capacidade de encontrar nomes viáveis para essas grandes câmaras?
Terão que ser eles a responder. Isso é pouco relevante para o PS. Importante é cumprir com os nossos propósitos nessas autarquias e renovar a confiança das pessoas. Temos feito bons mandatos em anos difíceis, especialmente nas áreas metropolitanas e em especial na de Lisboa. Há exemplos claros de trabalho feito ao nível do reforço das respostas nos transportes públicos e nos serviços públicos, nomeadamente na área da saúde. Há um trabalho muito significativo dos nossos autarcas e acredito que signifique que o PS está em condições de renovar os seus mandatos no próximo ano.

Tem a garantia da recandidatura de todos os principais autarcas socialistas, incluindo Basílio Horta em Sintra?
Tenho a expectativa de que Basílio Horta se recandidate, tal como Fernando Medina, Carla Tavares ou Hugo Martins. Há um conjunto de autarcas do PS na Área Urbana de Lisboa que espero ver recandidatarem-se.

Sendo que essa é uma condição importante para que o PS mantenha o domínio na Área Urbana de Lisboa…
O PS tem hoje um conjunto de presidentes de câmara que têm uma avaliação muito positiva da nossa parte, mas que sentimos que também é feita pelos cidadãos, e a renovação dos seus mandatos permitirá renovar a presidência da Área Metropolitana de Lisboa. E a presidência da AML por Fernando Medina tem tido uma importância muito significativa para um conjunto de mudanças. Recordo que a mudança nos passes sociais partiu das áreas metropolitanas e o aumento da oferta nos transportes públicos rodoviários também é um marco muito significativo. Só aqui é um exemplo claro de uma transformação muito significativa na vida das pessoas.

Esse é um bom currículo para um candidato a futuro primeiro-ministro?
Em que sentido?

Aquilo que Fernando Medina está a fazer em Lisboa.
Fernando Medina será no futuro aquilo que ele quiser que venha a ser. Neste momento é um bom presidente da Câmara de Lisboa e espero que se recandidate. E é um ótimo presidente da Área Metropolitana de Lisboa e espero que continue a sê-lo.

Não costuma gostar muito de falar sobre o futuro do PS, até porque o primeiro-ministro gosta de dizer que ainda não meteu os papéis para a reforma. Mas não teme que possa haver uma fratura quando chegar o dia da disputa entre Fernando Medina e Pedro Nuno Santos?
A leitura que eu faço é simples: o Governo e o PS aprovaram agora o Orçamento que corresponderá a metade dos orçamentos de uma legislatura e a sua expectativa é cumpri-la. Se olharmos para o contexto político em que estamos a viver, com a crise, o mais importante é o cumprimento dessa legislatura e a estabilidade associada à recuperação económica e social de que o país vai precisar. Não faz muito sentido o PS aceitar a ideia de discutir para além deste Governo e para além do atual secretário-geral e primeiro-ministro. Pelo contrário, devemos projetar junto das pessoas que estamos comprometidos em prosseguir este percurso e cumprir a legislatura. Tudo o resto tem surgido muitas vezes de outros partidos e da imprensa no sentido de gerar alguma instabilidade no PS, algo que temos procurado rejeitar. Estamos comprometidos com este mandato e com esta liderança, que não oferece nenhuma discussão no partido.

Admite que muitas vezes parece que aquilo que mantém como certa a chegada ao fim desta legislatura é o previsível medo da CDU de se apresentar a eleições antecipadas?
Fomos eleitos para quatro anos e temos o objetivo legítimo de manter a legislatura até ao fim. Temos de procurar trabalhar para produzir esse resultado. E temos sentido que também é essa a expectativa das pessoas. Não valorizam a instabilidade e no contexto atual ainda valorizam menos. Cada um pode responsabilizar-se pelos objetivos que define e por aquilo que procurará fazer. O Governo e o PS têm um compromisso e cada partido fará a sua avaliação ao longo desta legislatura.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.