Do mundo tradicional ao ultra tecnológico, será que estamos a avançar demasiado depressa? Em apenas três anos, os nossos hábitos diários mudaram drasticamente, sendo que nunca perdemos a oportunidade de tornar o nosso dia a dia mais simples e digital.

Ainda que a pandemia tenha trazido incerteza em muitas áreas, veio solidificar a era do digital. A utilização da internet e a presença nas redes sociais aumentou de forma exponencial nos últimos anos, um espaço onde, de acordo com a plataforma Statista, durante o ano 2022, se esperam 300 milhões de novos utilizadores, correspondendo a cerca de dez novos internautas a cada segundo.

Será isto apenas uma moda? Na verdade, é visível que a necessidade de adaptação à nova realidade é cada vez mais indispensável. Começa-se a repensar no papel das lojas físicas e surge a urgência de criar marcas fortes neste universo, presentes em plataformas sociais que possibilitem a conexão com o público-alvo e uma boa visibilidade da marca. O surto da Covid-19 veio de facto acelerar este sistema, fazendo evoluir as práticas das empresas, tanto pequenas como grandes, em termos de redes sociais, marketing digital e criação de conteúdo.

O mercado de compra de bens e serviços online tornou-se uma prática comum a nível global, estimando-se que venha a registar mais de 4.200 mil milhões de dólares em vendas até 2025. A conveniência e o preço competitivo aplicado pelos canais digitais atuam como fatores críticos de sucesso, tornando o e-commerce num modelo de distribuição privilegiado na satisfação das necessidades dos consumidores, cada vez mais exigentes.

Esta vertente tornou-se uma fonte de oportunidades de inovação e criação de valor, levando empresas de diversas indústrias a apostar num elemento ainda mais avançado: a inteligência artificial (IA).

Atualmente, o investimento nesta tecnologia está mais direcionado para os procedimentos internos ao longo da cadeia de valor, procurando-se estimar a evolução da procura e até antecipar mudanças rápidas no mercado. A nível de e-commerce, a IA é utilizada para criar experiências mais personalizadas ao cliente por meio de motores de busca inteligentes e sistemas de recomendação de produtos no site.

O foco irá voltar-se para robôs no fabrico industrial e sistemas de realidade virtual. Porém, com o surgimento de várias máquinas e soluções tecnológicas, o que irá acontecer ao fator humano? Que lugar iremos ocupar nesta nova realidade? Talvez as técnicas de negociação e relacionamento com um cliente sejam fatores diferenciadores, mas não podemos deixar de considerar o facto de uma máquina poder produzir o mesmo trabalho que nós, com uma maior eficácia e eficiência.

Todavia, é fundamental monitorizar a expansão deste mercado, uma vez que a sua rápida evolução pode delinear novas vertentes de inclusão e exclusão na economia digital. A ausência de uma literacia digital básica, os custos elevados de acesso aos serviços e os baixos níveis de inclusão financeira podem ser considerados barreiras que devem ser analisadas com atenção, de forma a tornar a transformação digital num processo mais fácil e acessível.

O artigo exposto resulta da parceria entre o Jornal Económico e o ITIC, o grupo de estudantes que integra o Departamento de Research do Iscte Trading & Investment Club.