É “inaceitável” gregos quererem dinheiro sem assumirem responsabilidades

O primeiro-ministro, Passos Coelho, considera “inaceitável” a proposta do Governo grego da extensão dos empréstimos ao país sem fazer corresponder um quadro de obrigações, reiterando que Portugal não é subserviente à Alemanha.   “O Governo grego pediu a extensão dos empréstimos, isto é, quer a faculdade de poder usar o dinheiro, mas não quer corresponder-se […]

O primeiro-ministro, Passos Coelho, considera “inaceitável” a proposta do Governo grego da extensão dos empréstimos ao país sem fazer corresponder um quadro de obrigações, reiterando que Portugal não é subserviente à Alemanha.

 

“O Governo grego pediu a extensão dos empréstimos, isto é, quer a faculdade de poder usar o dinheiro, mas não quer corresponder-se com o quadro de obrigações em que esse dinheiro deve ser atribuído à Grécia e isso não é aceitável”, afirmou o primeiro-ministro no debate quinzenal, no parlamento, em resposta a questões colocadas pela porta-voz do BE, Catarina Martins.

 

Sublinhando que não há nenhuma divergência dentro do Eurogrupo quanto a esta posição, já que se trata de “uma questão de regras”, Passos Coelho disse que se deve esperar que “aqueles que querem renegociar um programa o possam fazer dentro do quadro das responsabilidades que contraíram”.

 

“O que parece resultar daquilo que veio a público é que o Governo grego está interessado em que lhe deem as condições de não perder o dinheiro do financiamento, mas não quer vincular-se a nenhum quadro de responsabilidade. Venha o dinheiro e nós depois daqui a quatro ou seis meses vamos discutir as condições em podemos ou não solver essas responsabilidades. Isso não é aceitável”, insistiu.

 

Passos Coelho recusou, contudo, a ideia de que o acordo existente entre os 18 países do Eurogrupo represente uma atitude de subserviência à Alemanha, assegurando que nunca houve nenhuma disposição para atacar a Grécia e que o objetivo foi sempre dar condições para que aquele país consiga resolver os seus problemas.

 

“Terei o maior gosto, até faço campanha pela senhora deputada no dia em que alguém demonstrar que é possível um país que tem dividas não as honrar fazendo ou impondo uma obrigação unilateral de ajuda financeira sem contrapartidas negociais”, gracejou o primeiro-ministro.

 

Na resposta a Catarina Martins, o primeiro-ministro fez ainda alusão à proximidade do BE com o Syriza de Alexis Tsipras, mas lembrou que o Governo português foi eleito para defender os interesses dos portugueses: “o seu grande desvelo em defender o Syriza eu entendo, mas eu não fui eleito para defender os interesses do Syriza, fui eleito mas para defender os interesses dos portugueses”, disse.

 

Antes, a porta-voz do BE tinha recorrido a cenas da série televisiva dinamarquesa “Borgen” para exemplificar o ‘jogo de interesses’ que existe à volta da situação da Grécia, aconselhando o primeiro-ministro a escolher bem os aliados de Portugal na Europa.

 

“É bom que o Governo esclareça o que vai defender daqui a duas horas, se vai aceitar a possibilidade de um país ter uma alternativa à austeridade ou se vai estar do lado de quem quer impor a austeridade como política única em toda a Europa”, disse, lembrando também as declarações do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, que defendeu que os países mais frágeis não devem ficar divididos.

 

Catarina Martins recusou ainda a ideia de que os gregos não querem honrar os seus compromissos, sustentando que o que defendem é uma política alternativa à austeridade cumprindo os seus compromissos eleitorais

 

“Não é um problema de compromisso com os credores, mas um problema político de saber se na Europa um Governo pode dizer que quer uma alternativa à austeridade”, frisou.

 

OJE/Lusa

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