Rui Gonçalves, partner responsável pela área de Tecnologia na KPMG Portugal e global lead de ‘Low Code’ e Automação na consultora, deu uma entrevista ao Jornal Económico para explicar os projetos que nasceram no âmbito da nova parceria estratégica com a ServiceNow. O sócio da KPMG Portugal alertou ainda para a importância do hub que está a nascer no PACT – Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, cujas obras devem estar terminadas até ao final do segundo trimestre.
Qual é a estratégia da KPMG Portugal para a área tecnológica?
Nós não somos uma tecnológica pura. O que fazemos é entregar serviços com tecnologia. O nosso negócio é entregar transformação. Parece um discurso um pouco “marketing”, mas de facto é aí que tentamos monetizar o nosso posicionamento. Isso leva-nos a um momento de mercado tramado que é falta de competências ou a luta pelas pelo talento. Aqui, temos um modelo multisourcing, estamos proativamente a recrutar, contratamos cerca de 200 pessoas por ano – até agora só licenciados – e recorremos a ecossistemas de pequenas empresas que utilizamos como parceiros para alimentar os projetos.
Estão prestes a inaugurar um centro tecnológico no Alentejo…
O projeto de Évora é focado na descentralização, porque acho que é importante pensar além de Lisboa para tentar estar mais próximo dos polos de conhecimento. O parque tecnológico é um projeto interessante, com alguma dinâmica. Estarmos mais próximos da academia vai permitir-nos engrossar as nossas fileiras de competências tecnológicas o mais cedo possível. Acabamos por estar dentro do campus, com todas as vantagens que traz.
Já estão a preencher as vagas de trabalho que abriram para Évora?
Já temos pessoas recrutadas e inclusive algumas que, internamente, fizeram pedidos de mobilização à procura de um melhor equilíbrio entre o trabalho e a vida social, que se calhar numa cidade como Évora é mais fácil do que em Lisboa. É necessário diversificar. Portugal é um país pequeno. Évora está a uma hora de carro, que muitas vezes é o tempo que demoramos do aeroporto ao escritório de um cliente quando viajamos. Estamos a falar de uma cidade que se fosse num país maior seria uma cidade quase satélite de Lisboa.
O que vão fazer em concreto no ‘hub’?
Há quatro dimensões e uma delas é a de projetos em parcerias com clientes, entre os quais há um cliente português, que estamos a avaliar ter extensões às suas equipas em Évora, e um no Médio Oriente, em fase de contratualização para o que estamos a fazer aqui em Lisboa. Se for ali ao sexto andar temos uma sala, com acessos específicos e regras de segurança, para trabalhar com um banco norte-americano.
Na sua opinião, qual é a tecnologia que, de facto, vai marcar os próximos anos?
Recentemente, lançámos um estudo que aponta que o negócio do metaverso será de biliões de dólares, mas em 2030. Ou seja, como a maior parte destas coisas da tecnologia, vai demorar algum tempo até que se perceba de facto onde está o valor acrescentado e a monetização efetiva dessas tendências. A ligação entre a inteligência e a automação, a entre o process mining e a process automation, é uma das tendências que irão marcar as organizações no curto médio prazo. Ter RPA [Robotic Process Automation] inteligentes, machine learning e Inteligência Artificial nos processos. Com os Covid-19, os processos foram colocados sob stress.
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