Um prémio literário dedicado à Poesia será sempre uma incógnita pela vertente estética, pela qualidade da escrita, pelo desassossego que a sua mensagem poderá suscitar. Mas também pela frieza ou calor dos números. Neste caso de participantes. Ora, um dos aspetos realçados pela organização do XVII Grande Prémio de Literatura dst é precisamente a participação recorde, que rondou a centena e meia de inscritos.
Destacada a importância dos números, importa agora realçar as razões invocadas pelo júri – composto pelo pelo presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, pelo professor e escritor Vítor Manuel de Aguiar e Silva, e pelo professor da Universidade do Minho, Carlos Mendes de Sousa – para atribuírem o galardão em causa a “Movimento”, do poeta portuense João Luís Barreto Guimarães. A saber, lê-se em comunicado, “os méritos incomuns na dicção e estrutura poéticas, marcadas por um sentido de rigor, concisão e problematização do quotidiano”.

Barreto Guimarães nasceu a 3 de junho de 1967, no Porto, e conta no currículo com 11 livros de poesia, os primeiros sete reunidos em “Poesia Reunida” (2011). Seguiram-se “Você está Aqui” (2013), “Mediterrâneo” (2016), “Nómada” (2018), a antologia “O Tempo Avança por Sílabas” (2019) e “Movimento” (2020).
Dentre o palmarés reunido até hoje, figuram galardões como o Prémio Criatividade Nações Unidas 1992; o Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa 2017, o Prémio Livro de Poesia do Ano Bertrand 2018 e o Prémio Literário Armando da Silva Carvalho 2020. As edições italianas de “Mediterrâneo” e “Nómada” foram finalistas do Premio Internazionale Camaiore em 2019 e 2020, respetivamente, e a tradução para inglês de “Mediterrâneo” recebeu o Willow Run Poetry Book Award 2020, nos EUA, onde será editado este ano.
O prémio será entregue a 2 de julho, no Theatro Circo, na Feira do Livro em Braga.
Recordem-se as seis obras finalistas para a edição deste ano do XVII Grande Prémio de Literatura dst: “Caderneta de lembranças”, de A. M. Pires Cabral; “Diamante”, de António Carlos Cortez; “Ângulo Morto”, de Luís Quintais; “Atirar para o torto”, de Margarida Vale de Gato; “Movimento”, de João Luís Barreto Guimarães; e “Errático”, de Rosa Oliveira.
Sendo um prémio de funcionamento alternado, em que num ano é premiada uma obra de prosa e, no seguinte, uma obra de poesia, os vencedores das três últimas edições dedicadas à poesia foram Fernando Guimarães, com “Junto à Pedra” (2020), Daniel Jonas, com “Oblívio” (2018) e Manuel Alegre, com “Bairro Ocidental” (2016). Na prosa, os três últimos galardões premiaram “Livro de Vozes e Sombras” de João de Melo (2021), “Estuário” de Lídia Jorge (2019) e “Astronomia” de Mário Cláudio (2017).