“Oh captain, my captain” – Dead Poets Society

(Nunca concordei com a contratação de Jorge Jesus para o Sporting Clube de Portugal porque sempre me pareceu que há camisolas que não se trocam. O que fez em Alvalade não me permitiu mudar essa opinião.

Faço-o agora: a vitória do Sporting não é mérito seu mas de Rúben Amorim e da jovem equipa na qual muito poucos acreditavam. O mérito é, também, dos milhões adeptos que souberam esperar, incluindo os nossos miúdos que nunca tinham visto o seu Clube ganhar a Liga de Clubes mas, ainda assim, envergavam a nossa camisola com orgulho.

Há, contudo, uma certa soberba de Jorge Jesus que também nos ajudou. Por isso, fora de tempo, fica também aqui o meu obrigada. Não foi com Jorge Jesus que fomos campeões mas, esta época e involuntariamente, ajudou à nossa festa…)

Este era o título que tinha guardado há 19 anos. 19 anos de espera, de angústias, de nervos, de desânimos. 19 anos de esperança, com a cor verde em pano de fundo, com discussões típicas de uma grande família onde existem grandes discordâncias mas que, no final do dia, é capaz de se unir em torno de um objectivo comum.

Enquanto uns falam tristemente em comissões de inquérito, procurando justificar o injustificável, o Sporting Clube de Portugal sagrou-se campeão. Foi uma vitória limpa, sem truques, sem golpes baixos, sem malas para cá e para lá, sem negócios estranhos que façam alguém ter que se sentar, daqui a uns anos, na Assembleia da República a explicar o que todos sabemos não ter explicação aceitável.

Uma vitória que teve os seus desaires durante o campeonato, mas cujo percurso foi feito ao lado daqueles que serão dos melhores adeptos do mundo.

Muito raramente mas por vezes, e esta foi uma delas, basta o trabalho, a humildade e a honestidade. Rúben Amorim simbolizou esta vitória, num percurso feito ao lado de jovens que pouco mais tinham do que a sua capacidade e uma crença enormes.

Por mais que digam o oposto, esta vitória do Sporting Clube de Portugal simboliza muito mais do que um campeonato desportivo. É, também, uma vitória contra um sistema que está montado contra a verdade desportiva e a favor de interesses inconfessáveis, num jogo que está frequentemente viciado à partida.

Resta-nos, portanto, acreditar. Sempre. Durante anos, foi o esforço, a dedicação e a devoção. Esta semana veio a Glória. Porque uns se levantaram em contraciclo e outros tiveram a humildade de vestir a nossa camisola e fazer um trabalho consistente mas com a vontade e a força dos que sabem que, às vezes, ser o melhor tem que ser suficiente.

Daí que termine estas linhas, ainda em tom de comemoração, a repetir a frase do Professor Keating: “Thank you, boys. Thank you”.

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.