Num cenário internacional marcado por incertezas, instabilidades políticas e lideranças voláteis, a economia mundial, embora longe de uma recessão, encontra-se num momento delicado, a exigir precauções. O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou recentemente que mais de dois terços da economia mundial (cerca de 70%) está em abrandamento, o que levou esta entidade a rever em baixa a previsão de crescimento mundial para 2019, que se situa agora nos 3,3%.

Com a nossa dependência da economia externa, o mais provável é contrair uma gripe aos primeiros espirros dos mercados com quem mantemos relações comerciais mais próximas, como a Alemanha, Inglaterra e Itália. Daí as previsões do FMI para Portugal – alinhadas com as da Comissão Europeia e do Banco de Portugal – não serem animadoras: este ano, o crescimento económico não deverá ultrapassar os 1,7%, contra os 2,1% efetivos de 2018.

A verdade é que, decorridos apenas três meses deste ano, estamos claramente abaixo dos valores que o Governo inscreveu no Orçamento do Estado para 2019, ou seja 2,2% de crescimento, mais de 0,5% acima das atuais previsões para o desempenho atual da economia portuguesa.

A economia nacional perde, pois, dinamismo e, pior, muito provavelmente não crescerá mais do que a média da União Europeia em 2020. O que significa continuar a perder posições face a países que, há anos, se encontram atrás de nós.

Falamos de um abrandamento económico com reflexos muito negativos no país real, onde já se estima o acréscimo de desemprego (o FMI prevê 6,8%, em vez dos 6,5% esperados anteriormente) e um maior défice da balança corrente, sendo que a balança comercial de bens e serviços regressa a terreno negativo nove anos depois, o que, segundo o Banco de Portugal, já não ocorria desde 2011.

O novo cenário de previsões do FMI distancia-nos da convergência europeia e traz também reflexos muito negativos no défice orçamental deste ano para as nossas contas públicas. Da previsão do Governo de 0,2%, as novas perspetivas degradam o saldo orçamental para um défice de 0,65%, ou seja, o triplo da meta que o executivo se propunha atingir. A confirmarem-se estes números, Portugal piora o défice face a 2018, quando conseguiu 0,5%.

Mesmo em cima das eleições e mesmo com as denominadas ‘cativações Centeno’, Portugal degrada-se e não cresce como devia, falhando no propósito de conceder rendimento salarial e estabilidade laboral aos cidadãos e às famílias. Falhando, em suma, muito do que prometeu aos portugueses.

Em outubro, nas eleições, se verá o veredicto do Povo…