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Economia portuguesa com excedente externo de 1.424 milhões em 2021

A economia portuguesa registou um excedente externo de 1.424 milhões de euros em 2021, o correspondente a 0,7% do PIB e um acréscimo de 1.375 milhões face a 2020, divulgou o BdP.
21 Fevereiro 2022, 14h37

A economia portuguesa registou um excedente externo de 1.424 milhões de euros em 2021, o correspondente a 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e um acréscimo de 1.375 milhões face a 2020, divulgou hoje o Banco de Portugal.

Segundo o Banco de Portugal (BdP), no ano passado o saldo das balanças corrente e de capital foi de 1.424,2 milhões de euros, correspondendo a 0,67% do PIB, o que compara com 49,14 milhões de euros em 2020 (0,02% do PIB).

Apesar de, no ano passado, as exportações e as importações de bens terem aumentado em relação a 2020, “o défice da balança de bens aumentou [para -15.033 milhões de euros], uma vez que as importações cresceram a um ritmo ligeiramente superior ao das exportações”.

Face a 2019, período pré-pandemia, tanto as exportações como as importações de bens apresentavam, também, valores superiores.

Já na balança de serviços, o excedente aumentou face a 2020, para 9.463 milhões de euros, “porque o incremento no excedente das viagens e turismo mais do que compensou a redução do saldo dos serviços de transportes (os custos associados ao transporte de mercadorias cresceram)”.

De acordo com o BdP, os valores das exportações e importações de serviços ficaram, contudo, abaixo dos registados antes da pandemia, com as exportações a corresponderem a 76% e as importações a 99% dos valores de 2019.

Em 2021 — salienta — “os turistas residentes em França, Reino Unido e Espanha continuaram a ser os responsáveis pelas maiores receitas turísticas de Portugal”.

Nas estatísticas de balança de pagamentos hoje divulgadas, o banco central aponta ainda o recebimento de mais fundos europeus como tendo sido “determinante para o aumento do excedente da balança de rendimento secundário e para a redução do défice da balança de rendimento primário”, respetivamente para 5.709 e -2.543 milhões de euros.

Quanto à balança de capital, viu o seu excedente aumentar para 3.827 milhões de euros, beneficiando do recebimento, em julho de 2021, de cerca de 1.100 milhões de euros do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, montante proveniente da devolução da margem financeira no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal.

Considerando apenas o mês de dezembro, o défice da balança comercial aumentou 434 milhões de euros em relação ao mês homólogo, com o aumento do excedente da balança de serviços, em 164 milhões de euros, a não ser suficiente para compensar o agravamento do défice da balança de bens, em 598 milhões de euros.

Na balança de bens, as exportações cresceram menos do que as importações (23,5% e 28,8%, respetivamente) e, na balança de serviços, as exportações e as importações aumentaram, respetivamente, 40,7% e 46,0%, impulsionadas pela exportação de viagens e turismo e pela importação de serviços de transporte.

O banco central destaca o crescimento das exportações e as importações de viagens e turismo, que aumentaram, respetivamente, 68,9% e 60,1% face a dezembro de 2020, mas mantiveram-se aquém dos valores registados em dezembro de 2019.

Já no que respeita às balanças de capital, de rendimento primário e secundário, apresentaram excedentes.

“O aumento do excedente da balança de capital esteve, em grande medida, associado à atribuição dos fundos europeus a beneficiários finais (nomeadamente os programas FEDER e Fundo de Coesão) e, apesar de a contribuição financeira para o orçamento comunitário paga por Portugal ter subido, o excedente da balança de rendimento secundário aumentou”, nota o BdP.

Em 2021, o saldo da balança financeira (ativos financeiros detidos por Portugal sobre o exterior, deduzidos das responsabilidades perante o exterior) aumentou em 1.937 milhões de euros.

Para este aumento contribuíram, segundo o BdP, a diminuição de títulos de dívida pública de longo prazo detidos por entidades não residentes; o investimento dos bancos residentes em títulos de dívida pública de longo prazo emitidos por países da União Monetária; e o investimento do setor financeiro não bancário e dos particulares em unidades de participação emitidas por fundos de investimento não residentes.

Em sentido inverso, o aumento do saldo da balança financeira foi atenuado pelo desinvestimento do Banco de Portugal em títulos de dívida emitidos por entidades da União Monetária; pelo aumento das responsabilidades das administrações públicas, devido ao empréstimo obtido no âmbito do programa SURE em maio de 2021; e pela aquisição, por parte de entidades não residentes, de capital de empresas portuguesas do mesmo grupo.

O investimento direto do exterior em Portugal aumentou em 2021, por comparação com 2020, especialmente em empresas do setor dos serviços.

Analisando apenas o mês de dezembro, destacaram-se entre as operações da balança financeira a diminuição dos passivos do Banco de Portugal junto do Eurosistema; o desinvestimento em dívida pública portuguesa (maioritariamente em títulos de dívida de longo prazo, por parte de entidades não residentes); e o desinvestimento de empresas portuguesas em capital de entidades não residentes do mesmo grupo.

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