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Edmundo Martinho sobre entrada no Montepio: “Esta não é uma operação financeira de comprar hoje para vender amanhã”

O Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa disse ainda à TSF que vai escrever esta semana aos presidentes das grandes empresas portuguesas pedindo-lhes para aderirem ao novo Fundo Recomeçar. Um Fundo que aglutina receitas dos jogos na semana do Natal e que se destina a apoiar as vítimas dos fogos.
  • António Pedro Santos/Lusa
11 Dezembro 2017, 00h47

“Naturalmente que tem havido do lado do Governo uma atitude de simpatia em relação a essa possibilidade, como tem havido, aliás, do lado do regulador. Mas a Santa Casa não negoceia a pedido do Governo uma entrada no capital social do Montepio Geral. Aquilo que eu sei é que de facto o Governo vê com bons olhos e com simpatia a possibilidade de se reforçar esta área da economia social também no domínio financeiro. É nessa perspetiva que a Santa Casa se tem colocado”, foi assim que Edmundo Martinho, novo Provedor da Santa Casa disse em entrevista à TSF/Diário de Notícias abordou a questão política da entrada no capital da Caixa Económica Montepio Geral.

“O entendimento que fazemos é que a Santa Casa tem um papel a desempenhar no domínio da economia social, mas tem também um outro domínio que é o que tem que ver com a própria sustentabilidade da Santa Casa enquanto entidade capaz de continuar a responder”, diz o Provedor. “É nessa linha que entendemos que a entrada estratégica no capital de uma entidade bancária, como é o caso da Caixa Económica Montepio Geral, pode servir estes fins de garantia de sustentabilidade da Santa Casa”, adiantou na entrevista.

“Estamos a falar de sustentabilidade a médio e longo prazo, esta não é uma operação financeira de comprar hoje para vender amanhã para obter mais-valias, não é disso que se trata, trata-se de uma aposta estratégica neste grande setor da economia social, onde a Santa Casa quer ter uma palavra a dizer, não apenas nas instâncias que regulam o setor, mas também naquilo que são instrumentos essenciais para o exercício capaz e cabal daquilo que é a natureza das entidades do setor social, e um desses instrumentos é naturalmente o instrumento de financiamento”, disse Edmundo Martinho.

Quando é que pode acontecer? Edmundo Martinho gostava que “isto estivesse arrumado no próximo mês, mês e meio. Não sei se conseguiremos até ao final do ano, mas seguramente no início de 2018 gostava que isto estivesse arrumado, no sentido da entrada ou não entrada”. Recorde-se que Tomás Correia, Presidente da Associação Mutualista, disse no sábado, no almoço de Natal dos associados que a entrada da Santa Casa no capital do banco deveria ficar fechada até ao Natal.

Que passos é que falta dar? “Está a ser feito um processo de avaliação feito desta participação, que não pode ser vista apenas naquilo que é o valor nominal correspondente às ações, porque tem este valor estratégico da entrada e de reforço da economia social no setor financeiro, uma coisa que do nosso ponto de vista representa um objetivo importante, mas tem outra característica: esta entrada de capital, sendo muito minoritária, tem a contrapartida de a Santa Casa ter uma palavra a dizer e um papel a desempenhar na governance do grupo financeiro da Caixa Económica”.

Esta é a questão polémica, pois José Félix Morgado está contra a mudança dos órgãos sociais.

“Portanto, é isso que é preciso apreciar e que está a ser avaliado, que está a ser muito ponderado com o apoio, obviamente, de entidades financeiras independentes que nos ajudam a perceber esses passos que faltam e a dizer qual é o valor justo que este conjunto de características representa numa operação desta natureza”, disse o Provedor que diz ainda que a Santa Casa não tem “linhas vermelhas”.

A Santa Casa terá cerca de 10% no máximo do Montepio Geral. “Mas são 10% que, de acordo com aquilo que temos vindo a conversar, permitirão que a Santa Casa tenha de facto uma palavra a dizer, o que não é comum. Ou seja, uma participação de 10%, a não ser numa entidade financeira que tenha o capital muito pulverizado, dificilmente daria direito a uma participação plena na governance do banco”, reconhece o provedor.

Admite ainda que com a entrada no capital da Caixa Económica Montepio Geral o Montepio recentre a sua atividade como uma caixa mutualista. “Eu diria que essa é uma das razões centrais do nosso interesse, ou seja, termos a possibilidade de internamente poder influenciar para que o Montepio se mantenha nesse caminho de banco mutualista, de banco ao serviço das pessoas, ao serviço das instituições do setor social e, com isso, do desenvolvimento das respostas sociais de que o país precisa”.

 

Jogo da Santa Casa no Natal será para apoio às vítimas dos incêndios

O Provedor disse ainda que vai escrever esta semana aos presidentes das grandes empresas portuguesas pedindo-lhes para aderirem ao novo Fundo Recomeçar. Um Fundo que aglutina receitas dos jogos na semana do Natal e que se destina a apoiar as vítimas dos fogos. Entre 17 e 24 de dezembro as receitas dos jogos da Santa Casa, que Edmundo Martinho estima que sejam de entre 4 e 6 milhões de euros (a Santa Casa no jogo fica com 27%) serão inteiramente colocada num fundo de apoio às vítimas dos incêndios.

“Oiçam, usem este hashtag “#recomeçar”, se lhe quisermos chamar assim, façam as vossas campanhas se o entenderem, sabendo que tudo o que pudermos canalizar para um fundo desta natureza será sempre em benefício destas populações dos concelhos que foram afetados de forma devastadora este verão e outono em Portugal”, disse o Provedor à TSF/DN.

Edmundo Martinho disse ainda que “a entrada no jogo online está atrasada, mas deve arrancar em Fevereiro”

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