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EDP mantém inalterada previsão de lucros para este ano apesar dos efeitos negativos da pandemia

Miguel Stilwell assume o impacto negativo da pandemia da Covid-19 para a elétrica, mas garante que há impactos positivos para equilibrar as contas como a rotação de ativos renováveis e as baixas taxas de juro praticadas no mercado neste momento.
17 Julho 2020, 15h33

A EDP mantém inalterada a sua previsão de lucros recorrentes este ano, apesar da crise económica a nível mundial devido à pandemia da Covid-19.

A elétrica prevê lucros recorrentes entre os 850 milhões a 900 milhões de euros para este ano. Em 2019, a elétrica obteve lucros recorrentes de 854 milhões de euros em 2019, mais 7% face a período homólogo.

“Obviamente que vamos ser impactados [devido à crise provocada pela pandemia], mas mantemos o nosso estimativa entre os 850 e os 900 milhões de lucro líquido recorrente em 2020, e a verdade é que isto mostra a resiliência do negócio da EDP”, disse o presidente interino da EDP em entrevista à agência Reuters.

Miguel Stilwell destacou os “impactos negativos no Brasil associados à desvalorização do real e à redução da procura quer em Portugal, Espanha e Brasil”.

Por outro lado, também apontou os pontos positivos que “mais mitigam os efeitos” negativos: a “gestão de energia para 2020, que nos assegurou que mantemos e reforçamos resultados nessa área; temos um programa de rotação de ativos muito forte com a venda de dois portfolios, na Europa e EUA, que também estão a correr muito bem; e temos redução das taxas de juros”.

Tal como já tinha referido na chamada telefónica com analistas na quarta-feira, a elétrica vai manter o valor dos seus dividendos intactos nos 19 cêntimos de euro por ação.

“Isto dá-nos conforto para manter a política de dividendos que é um compromisso firme para este ano e para os próximos”, disse Miguel Stilwell de Andrade, que está a substituir António Mexia no cargo, suspenso devido a decisão judicial.

A EDP distribuiu quase 700 milhões de euros em dividendos aos seus acionistas este ano relativo ao exercício de 2019.

A empresa também pretende reduzir a dívida líquida para 3,2 vezes o EBITDA no final deste ano, contra 3,4 vezes como registado no primeiro trimestre.

Sobre a compra da elétrica espanhola Viesgo, anunciada esta semana, afirmou que esta operação demorou “vários meses” a ser preparada, revelando que a EDP “tentou comprar a Viesgo quatro ou cinco vezes nos últimos 20 anos porque são redes que estão contíguas ou sobrepostas e, do ponto de vista físico, operacional tem imenso potencial”.

“Desta vez os astros ficaram alinhados e foi possível fazer esta aquisição dos ativos muito interessantes e com uma parceria com a Macquarie”, sublinhou.

Em relação à operação de aumento de capital no valor de mil milhões de euros, que vai ser lançada a 23 de julho, o gestor apontou que vai permitir “manter todo o potencial de crescimento nas renováveis, nas redes no Brasil”.

A Viesgo está avaliada em 2,7 mil milhões de euros com a EDP a investir 900 milhões para fechar esta aquisição. A operação está dividida em três partes: na primeira aquisição, a EDP comprou a rede de distribuição de eletricidade da Viesgo – localizada nas Astúrias e na Galiza – em parceria com a Macquarie Infrastructure and Real Assets (MIRA). A Viesgo Distribution registou um EBITDA de 320 milhões em 2019, e vai passar a ser detida em 75% pela EDP e em 25% pela MIRA.

A segunda, é que a EDP Renováveis (detida maioritariamente pelo grupo EDP) vai comprar 100% do negócio renovável da Viesgo, que conta com 24 centrais eólicas e duas centrais mini-hídricas em Portugal e Espanha. A empresa conta com uma capacidade instalada total de 500 megawatts (MW), e está avaliada em 565 milhões de euros. A terceira parte é que a EDP também vai comprar as duas centrais a carvão da Viesgo na Andaluzia.

A compra deverá estar concluída até ao final de 2020, mas antes vai ter de passar por todas as respetivas avaliações regulatórias e governamentais, como é habitual num negócio destes. Assim, o negócio vai ser avaliado pela Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, e em Espanha vai ter de obter a aprovação do regulador de energia e de mercado CNMC, entre outros. Ao mesmo tempo, a empresa espanhola vai ter de passar pela “reestruturação corporativa necessária”.

Após a conclusão da operação, a EDP vai passar a deter integralmente a Viesgo e vai ter representação maioritária no conselho de administração, com direito a nomear o presidente executivo, o presidente do conselho de administração e o administrador financeiro.

https://jornaleconomico.pt/noticias/edp-garante-aos-seus-acionistas-dividendo-a-19-centimos-por-acao-614248

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