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EDP, Navigator, Sogepoc e Tabaqueira admitem dificuldade em reter talento

Numa conferência organizada pelo Iscte Executive Education, responsáveis de quatro grandes empresas admitiram que é cada vez mais difícil conseguir mão de obra qualificada, porque aquela que formamos está a sair do país.
4 Abril 2023, 21h23

Na conferência “Investir em Portugal: Transformação, Inovação e Competitividade”, organizada pelo Iscte Executive Education para debater o estado da competitividade da indústria transformadora em Portugal, responsáveis das empresas EDP, Navigator, Sogepoc e Tabaqueira revelaram ter dificuldade em reter quadros qualificados.

A conferência, teve na abertura Eurico Brilhante Dias, líder do Grupo Parlamentar do PS, e contou com várias figuras da política nacional e empresarial que analisaram o estado da indústria em Portugal, as oportunidades resultantes da internacionalização das empresas e da captação de investimento estrangeiro, e os desafios para reter empresas.

Rui Vinhas da Silva, membro da Comissão Executiva do Iscte Executive Education, focou-se no que de bom e menos bom se faz no país ao nível da gestão e na competitividade. Concluiu que se, por um lado, se faz um excelente trabalho a nível de infraestruturas e logística, no que respeita ao investimento em transparência, ética, pessoas e inovação, há um longo caminho a percorrer.

Os tema da atração e retenção de talento foi aprofundado num painel constituído por Mafalda Vasconcelos, da EDP, Marcelo Nico, da Tabaqueira, Nuno Fernandes Thomaz, da Sogepoc, e Vítor Coelho, da Navigator. O debate primou pelo consenso: não se pode continuar a pagar salários abaixo de mil euros a recém-licenciados, que investiram em formação superior de qualidade, sendo esta valorizada e apreciada por empresas estrangeiras, que reconhecem a qualidade destes profissionais e rapidamente os contratam.

De igual forma, a opinião foi unânime: é cada vez mais difícil conseguir mão de obra qualificada, porque aquela que formamos está a sair do país.

“Estamos a exportar, pela primeira vez e como nunca, alunos do ensino superior. Há grandes empresas internacionais que os vêm buscar a Portugal e, se nós portugueses, não os reconhecemos como bons, pois que os grandes os venham buscar. Que haja alguém que lhes dê valor”, afirmou José Crespo de Carvalho, presidente do Iscte Executive Education.

O professor salientou o desempenho do país nos rankings internacionais. “Portugal tem cinco escolas de gestão no ranking Financial Times, Espanha tem quatro, e somos um país pequeno! Significa que a Google, a Amazon, a Meta, entre outros, vêm a Portugal e levam-nos os quadros. Porquê? Porque são bons. Nós estamos a produzir bons quadros, o nosso papel no ensino superior não está assim tão mal, apesar de não os conseguirmos reter”.

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