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EDP: Tudo o que precisa de saber sobre o aumento de capital de mil milhões

A operação de aumento de capital tem hoje início, pois é o último dia em que as ações negoceiam com os direitos incorporados. Os acionistas são obrigados a participar, caso contrário, a sua posição fica diluída.
20 Julho 2020, 07h55

Qual é o objetivo desta operação?

A EDP pretende financiar a compra da elétrica espanhola Viesgo, empresa avaliada em 2,7 mil milhões de euros, valor que inclui 1,1 mil milhões de dívida que será absorvida pela EDP. Com o aumento de capital, a EDP recorre ao dinheiro dos seus acionistas, evitando assim aumentar o seu endividamento.

A operação está dividida em três partes: na primeira aquisição, a EDP comprou a rede de distribuição de eletricidade da Viesgo – localizada nas Astúrias e na Galiza – em parceria com a Macquarie Infrastructure and Real Assets (MIRA). A Viesgo Distribution registou um EBITDA de 320 milhões em 2019, e vai passar a ser detida em 75% pela EDP e em 25% pela MIRA.

A segunda é que a EDP Renováveis (detida maioritariamente pelo grupo EDP) vai comprar 100% do negócio renovável da Viesgo, que conta com 24 centrais eólicas e duas centrais mini-hídricas em Portugal e Espanha. A empresa conta com uma capacidade instalada total de 500 megawatts (MW), e está avaliada em 565 milhões de euros. A terceira parte é que a EDP também vai comprar as duas centrais a carvão da Viesgo na Andaluzia.

Quais as condições?

Em jogo está o equivalente a 8,45% do capital da empresa, num total de e 309.143.297 ações. Cada ação vai ser lançada a 3,30 euros, com um desconto de 23% face ao preço de encerramento de 15 de julho.

Quais os prazos?

A EDP vai lançar um aumento de capital no valor de 1.020 milhões de euros. A operação de aumento de capital tem hoje início, pois é o último dia em que as ações negoceiam com os direitos incorporados. As novas ações começam a negociar na bolsa de Lisboa a 23 de julho.

Os atuais acionistas são obrigados a ir a jogo?

Sim. Esta subscrição encontra-se “reservada aos acionistas que exerçam os seus direitos de preferência e a outros investidores que adquiram direitos de subscrição”.

Quem não for a jogo, vai ficar com a posição diluída, conforme estabelece o prospeto da operação. “A proporção da titularidade do capital social e dos direitos de voto na EDP dos acionistas que não exerçam os seus direitos de subscrição será diluída com a emissão das novas ações”.

Quanto é que as empresas têm de pagar para manter a sua posição atual?

A China Three Gorges , o principal acionista, vai ter de investir quase 219 milhões de euros no aumento de capital da EDP para manter inalterada a sua participação de 21,47% na elétrica portuguesa.

O único acionista qualificado português da EDP é o banco BCP, que vai ter de desembolsar 21,1 milhões de euros para manter inalterados os seus 2,07%.

Depois da China Three Gorges, seguem-se os espanhóis da Oppidum Capital, com 7,19% da elétrica, que terão de investir 73,3 milhões de euros para ficarem com a mesma posição.

Na terceira posição surgem os norte-americanos da Blackrock, que terão de investir 46 milhões para garantir os seus 4,51%.

Depois, a Alliance Bernstein vai ter de desembolsar 30 milhões para ficar com os seus 2,94%, enquanto os argelinos da Sonatrach têm de pagar 24,2 milhões para manter os seus 2,38%.

Já a Qatar Investment Authority vai ter de gastar 23,1 milhões para segurar os seus 2,27%, com os noruegueses do Norges Bank a terem de pagar 22,6 milhões para salvaguardar os 2,22%, e a Capital Group Companies a ter de investir 20,90 milhões para ficar com os seus 2,05% inalterados.

E se a totalidade das ações não forem compradas?

A EDP também fechou um contrato com um sindicato bancário (underwriters) para assegurar que o sucesso da operação e que todas as operações são subscritas.

“Caso as novas ações não sejam totalmente subscritas no âmbito da emissão de direitos, poderão ser subscritas por Investidores Qualificados ou pelos Underwriters”, segundo o prospeto: BCP (20%);  J.P. Morgan Securities (20%); Morgan Stanley & Co. International (20%); BNP Paribas (13,33%); BofA Securities Europe SA (13,33%); Goldman Sachs International (13,33%).

A EDP anunciou que não vai cobrar qualquer custo aos investidores, avançando que as despesas com a operação, as comissões pagas ao sindicato bancário atingem os 23 milhões de euros.

Quais os prazos a ter em conta?

20 de julho – “Data de registo” – último dia de negociação das acções da Emitente na Euronext Lisbon
com os inerentes direitos de subscrição.

23 de julho – Primeiro dia do período de subscrição das novas ações

23 de julho – Primeiro dia do período de negociação dos Direitos de Subscrição na Euronext Lisbon

3 de agosto – Último dia de negociação dos Direitos de Subscrição na Euronext Lisbon

Entre 23 de julho e 6 de agosto pelas 16h00 – Envio pelos intermediários financeiros à Interbolsa das ordens recebidas no âmbito da Emissão de Direitos
5 de agosto pelas 15h01 – Data a partir da qual as ordens de subscrição de Novas Acções se tornam irrevogáveis (inclusive)

6 de agosto – Último dia do período de subscrição das Novas Acções

7 de agosto – Anúncio dos resultados da Oferta

7 de agosto – Liquidação financeira das Novas Acções subscritas mediante o exercício de Direitos de
Subscrição

11 de agosto – Liquidação financeira das Novas Acções atribuídas na fase de rateio e no âmbito do
Contrato de Underwriting

11 de agosto – Registo do aumento do capital social na conservatória do registo comercial

Quais os riscos para esta operação?

No prospeto, a EDP enumera vários potenciais riscos a esta operação e para a empresa.

  • Sobre o processo judicial dos contratos CMEC que envolve o presidente executivo suspenso de funções, António Mexia, e o presidente da EDP Renováveis, João Manso Neto, a companhia aponta que “não é possível prever qualquer resultado nesta fase do processo. Qualquer desenvolvimento deste tipo poderia ter um efeito material adverso na reputação da EDP, na sua situação comercial, financeira e/ou nos resultados das operações”.
  • Em relação ao processo judicial pela contratação do pai do ex-secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, a EDP admite que o caso “poderá ter um efeito material adverso na reputação da EDP, na sua situação comercial, financeira, e/ou nos resultados das operações”.
  • A elétrica também que o “preço de venda e o lucro bruto por unidade de energia vendida pela EDP podem diminuir significativamente devido a uma deterioração das condições do mercado e/ou exposição ao mercado local de certas centrais elétrica”;
  • Depois, alerta que as “condições climáticas adversas têm afetado e podem continuar a afetar a rentabilidade das centrais hidroelétricas, eólicas e solares da EDP”;
  • “Alterações na procura de energia nos países em que a EDP opera podem afetar materialmente de forma negativa os seus resultados de operações e condição financeira”;
  • Outro dos riscos enumerados pela EDP é que os seus negócios “requerem investimentos iniciais elevados com base em previsões e estimativas de retornos futuros que podem não se concretizar”.
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