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Eduardo Catroga: “Empresas não podem ter medidas discricionárias só para sacar mais dinheiro’’

Eduardo Catroga considera que as decisões do governo criaram desconfiança entre os acionistas da EDP e que isso põe o futuro da empresa em risco, podendo confiná-la apenas ao mercado nacional.
16 Novembro 2018, 07h48

Eduardo Catroga, gestor, ex-ministro das Finanças, membro do Conselho Superior e de Supervisão da EDP – Energias de Portugal, publicou agora “Gestão, Política e Economia”, um livro de “quase memórias”. Em entrevista ao programa Decisores, transmitido esta sexta-feira, às 11h00, no site e nas redes sociais do Jornal Económico, garante que, com 76 anos (feitos há dois dias) não vai abandonar a intervenção pública. Como nesta ocasião, em que analisa a evolução da economia portuguesa e avalia o risco que corre a EDP, pela crispação existente entre o governo e os acionistas da empresa.

Foi a experiência política que o tornou conhecido, quando aceitou ser ministro das Finanças, na altura difícil da recessão de 1993. A partir daí, manteve uma intervenção pública relevante. Ficou-lhe o bichinho da política?

Eu sou um economista que fez carreira na área de gestão e que aos 51 anos – mas fui desafiado desde os 38 – aceitei uma missão cívica na área da política. E depois disso aceitei outras, sempre como cidadão independentemente. A minha carreira foi na área da gestão. É evidente que, depois ter exercido funções como ministro das Finanças fiquei mais sensibilizado para os problemas da economia portuguesa, europeia e global; para a política económica e financeira como instrumento que pode ser utilizado para a melhoria das condições de vida dos portugueses. Comecei, a partir daí, sem qualquer fidelização partidária, a ter intervenções cívicas, porque acho que as pessoas quando exercem funções de responsabilidade ou quando sentem que têm opiniões e quando essas opiniões são solicitadas, ou missões, têm a obrigação de contribuir com ideias para o desenvolvimento económico e social do país.

Tendo opinião sobre o rumo da economia, como avalia estes quatro anos?

Em 2011, o país deixou-se cair numa situação de pré-bancarrota, em que o nível da atividade económica caiu à volta de 8%, até 2013. Teve que ser desenvolvido um programa de ajustamento, para recuperação da saúde financeira como base para a saúde económica. O país começou a reagir em 2014; em 2015 cresceu 1,8%, em 2017 consolidou o crescimento em 2,7%. Devo dizer que houve um contexto externo muito favorável nos últimos anos que os outros países aproveitaram melhor que nós – Espanha sempre cresceu acima de 3%; a Hungria, a República Checa, a Irlanda e a Polónia cresceram sempre muito mais do que nós, e vai continuar assim. Estamos na cauda do crescimento. O défice público, em 2010, estava na casa dos 11% do PIB [Produto Interno Bruto]. Sem factores extraordinários, estava à volta de 8,5%. Pedro Passos Coelho, em 2015, passou de 8,5% para 3% [do PIB]. Este governo tinha obrigação nacional de passar de 3% para zero e criar excedente orçamental. Isto é um processo de ajustamento que começou em 2011 e que tem sido desenvolvido nos sete últimos anos e vai continuar a ser desenvolvido, porque temos de criar condições para a redução do stock da dívida pública; precisamos de criar condições para a melhoria da produtividade e da competitividade da economia portuguesa.

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