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El Corte Inglés quer assumir-se como ‘embaixador’ das marcas portuguesas sustentáveis em Espanha

O primeiro desafio, de que se aguarda o resultado, é colocar nas lojas da cadeira retalhista em Espanha os produtos da conserveira açoriana Santa Catarina.
4 Setembro 2020, 15h22

A cadeia de distribuição El Corte Inglés quer assumir-se como o ‘embaixador’ das marcas portuguesas de produtos alimentares sustentáveis na rede do grupo em Espanha, revelou hoje, dia 4 de setembro, Enrique Hidalgo, diretor geral do El Corte Inglés em Portugal.

Na cerimónia de lançamento do atum maturado em lata e em frasco, novo produto lançado pela conserveira Santa Catarina, dos Açores, que decorreu hoje, dia 4 de setembro, nas instalações do El Corte Inglés em Lisboa, Enrique Hidalgo, revelou que o grupo está a estudar a forma de colocar os produtos da conserveira açoriana nas mais de 60 lojas, supermercados e centros comerciais que opera em Espanha, mas assinalou que a medida se vai estender a uma gama mais variada de produtos alimentares, não só açorianos, mas também portugueses em geral.

O repto para esta iniciativa do El Corte Inglés foi posteriormente reforçado pelo ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, e pelo secretário regional dos Açores para o Mar, Ciência e Tecnologia, Gui Menezes, também presentes na cerimónia, aguardando-se agora o desenvolvimento dos contactos entre o El Corte Inglés em Portugal e a sua sede em Madrid.

O evento marcou o lançamento da Santa Catarina no segmento da primeira conserva de atum maturado em Portugal, através da marca ‘premium’, dirigida ao segmento ‘gourmet’, designada ‘Mestre Saúl’, disponível já nos diversos supermercados do El Corte Inglés em Portugal e “na generalidade das grandes superfícies de distribuição em Portugal”, conforme assegurou ao Jornal Económico Rogério Veiros, presidente do conselho de administração da conserveira açoriana.

“As Conservas Santa Catarina, S. Jorge – Açores apresentam a nova marca ‘Mestre Saúl’, a primeira conserva ‘premium’ portuguesa de atum maturado, criada em homenagem a Mestre Saúl Casimiro, homem de grande saber na arte das conservas, cujo contributo foi determinante para Santa Catarina na elaboração de um produto único”, explica um comunicado da empresa.

De acordo com essa nota, ‘Mestre Saúl’ “é a primeira marca portuguesa que entra no segmento das conservas de atum maturado, uma nova tendência da produção conserveira e que vem dar resposta aos consumidores mais exigentes, que procuram produtos selecionados e exclusivos para uma experiência de degustação diferente”.

“Para a elaboração das conservas ‘Mestre Saúl’, o filete de atum selecionado é ‘sabiamente’ manipulado, de acordo com as técnicas ancestrais de curar o peixe em conserva e mantém-se em maturação mais de um ano em lata até estar pronto para ser consumido. O processo de maturação serve para agregar sabor sem intervir no ingrediente principal, ou seja, o atum. Este, transforma-se com o tempo, as fibras ficam mais macias e o sabor mais suave e delicado. O atum maturado é degustado e apreciado no melhor estádio de conservação, sendo uma celebração do melhor atum dos Açores, fazendo jus ao mote da ‘Mestre Saúl'”, assinala o referido comunicado, relembrando que ‘As coisas boas fazem-se esperar’.

Marcou também presença nesta cerimónia o presidente da ANICP – Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe, José Maria Freitas.

“Para apoiar o lançamento da campanha e para promover a marca e o produto, haverá um espaço promocional exclusivo ‘Mestre Saúl’ nos supermercados do El Corte Inglés” em Portugal, adianta o comunicado em questão.

Quem é o Mestre Saúl Casimiro?

Nascido em 1918 no Algarve, desde muito jovem que Saúl Casimiro se dedicou à arte das conservas. “Homem simples, mas de fortes convicções, sabia que só preparando o melhor atum ainda fresco, cozendo-o apenas em salmoura, conseguiria manter todas as qualidades nutritivas e toda a frescura”, sublinha o  comunicado da Conservas Santa Catarina.

A empresa recorda que, em 1955, Saúl Casimiro foi convidado a trazer o saber para a ilha de São Jorge, nos Açores, “onde encontrou a matéria-prima que sonhava: o melhor atum fresco”, acrescentando que “aqui permaneceu até ao fim da vida, dedicado a cumprir uma missão: produzir as melhores conservas de atum do mundo”.

“Através de um método simples e artesanal, que passou de geração em geração, é graças a Mestre Saúl Casimiro, que hoje chega às nossas mesas o melhor sabor do mar dos Açores, numa lata de conserva da marca com o nome do conserveiro”, garante a empresa.

A conserveira assume que, “tal como a Santa Catarina, ‘Mestre Saúl’ assume um compromisso com a sustentabilidade”, ostentando nas embalagens os selos ‘Friend Of The Sea’ (certificado de produção sustentável), ‘Açores Certificado pela Natureza’ (comprova a origem do produto), ‘Pesca salto e vara’ (informa da pesca artesanal que respeita o meio ambiente), ‘Dolphin Safe’ (traduz o respeito pelos golfinhos e pelo ecossistema marinho), ‘Laborado Manualmente’ (produção artesanal), ‘Conservas de Portugal’ (selo atribuído pela ANICP, que certifica que a produção é nacional e que tem assinalável incorporação de valor acrescentado).

Os responsáveis do El Corte Inglés dizem comungar destes objetivos da Santa Catarina: pescas sustentáveis, valorização do trabalho das mulheres e fomento do consumo de produtos autênticos e de proximidade, que também protegem o ambiente.

O lançamento da marca ‘Mestre Saúl’ “é o melhor exemplo da renovação a que se está a assistir no setor das conservas em Portugal, o qual tem, neste momento em curso a campanha ‘Vamos conservar o que é nosso’, promovida pela ANICP”.

“Esta campanha da ANICP tem o objetivo de sensibilizar os portugueses para a qualidade e versatilidade das conservas nacionais e, assim, promover o consumo do que é produzido em Portugal”, frisa o comunicado em causa, referindo que “a campanha é, também, uma forma de alavancar e valorizar a fileira da pesca, apresentando as conservas como exemplo distintivo de tradição e excelência da indústria da nacional, representado no símbolo ‘Conservas de Portugal'”.

A fábrica de conservas Santa Catarina fica localizada à beira mar, na Fajã Grande, da vila da Calheta, na ilha de São Jorge, do arquipélago dos Açores.

“É uma empresa que se dedica exclusivamente ao fabrico de conservas de atum, que prima pela qualidade, aliando a tecnologia aos ancestrais métodos artesanais, sendo a fábrica, atualmente, a principal empregadora da ilha de São Jorge, com 139 colaboradores”, revela o mesmo comunicado.

Segundo este documento, “as conservas Santa Catarina são feitas com atum pescado através do método salto e vara (pesca artesanal com cana), selecionando os melhores espécimes, salvaguardando a preservação da espécie e respeitando o ecossistema marinho, protegendo os golfinhos, o que lhe valeu por parte da organização não governamental Earth Island Institute as certificações ‘Dolphin Safe’ e ‘Friend of the sea’, sendo a primeira em Portugal a obter estes galardões, um verdadeiro exemplo de sustentabilidade”.

“A marca, além de ter ganho o prémio das conservas mais sustentáveis do mundo, outorgado pela Greenpeace, é multipremiada pelos respetivos produtos e tem hoje visibilidade nas principais mercearias finas. Santa Catarina exporta 40% da produção, em que Inglaterra e Itália representam metade das vendas anuais. A marca está a entrar no mercado asiático e já introduziu conservas Santa Catarina em Macau e no Japão”, conclui o comunicado da conserveira açoriana.

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