[weglot_switcher]

Eleições intercalares: Bill Clinton e George W Bush foram dos poucos que conseguiram manter o Congresso

Regra geral, o partido incumbente perde o Senado e/ou a Câmara dos Representantes nas eleições intercalares. Especialista alerta que Joe Biden pode seguir esta tendência histórica no escrutínio que vai ter lugar em novembro.
30 Janeiro 2022, 17h30

As eleições intercalares nos Estados Unidos vão servir de termómetro a Joe Biden. O escrutínio vai ter lugar a oito de novembro e marca praticamente dois anos desde que o democrata tomou posse.

As eleições para a Câmara dos Representantes e para o Senado – as câmaras baixa e alta do Congresso, respetivamente – são marcadas por um padrão: regra geral, o partido que ocupa a Casa Branca perde as eleições intercalares.

Há quatro anos, a regra foi confirmada quando os democratas conseguiram terminar o federal trifecta dos republicanos que durava desde 2016 (domínio da Casa Branca + Senado + Câmara dos Representantes), ao conquistarem a Câmara dos Representantes, com os republicanos a conseguirem manter a maioria no Senado.

Barack Obama foi precisamente um dos presidentes que sofreu com o fenómeno de derrota nas intercalares: “No início do mandato de Obama, havia uma trifecta, com uma maioria no Senado e na Casa. Nas intercalares, perdeu a Casa, mas manteve o Senado, e no final da sua presidência também tinha perdido a o Senado”, explica Bradley Jones, investigador do Pew Research Center em Washington.

No caso de Trump, também chegou à Casa Branca com “maiorias no Senado e na Casa, mas perde a maioria na Casa nas intercalares de 2018, e então Biden chega ao cargo de novo com maiorias no Senado e na Casa”.

“Isto é um padrão na política americana, onde, existem poucas exceções, o partido incumbente perde lugares nas intercalares”, resume o especialista num encontro com jornalistas organizado pelo Foreign Press Center do Departamento de Estado dos EUA.

As exceções resumem-se as eleições intercalares de 1934 com Franklin Roosevelt, “depois da Grande Depressão, uma eleição fora do normal por muitos padrões”.

Avançando para 1998, as intercalares desse ano também foram uma exceção, “e isto foi quando Bill Clinton foi destituído , então talvez tenha sido algum tipo de vingança ao julgamento por impeachment. A economia também estava a avançar muito bem no final da década de noventa para muitas pessoas e terá contribuído para isso”.

Já nas intercalares de 2002, George W Bush passou ao lado deste padrão, com estas eleições a terem a particularidade de terem tido lugar a seguir “aos ataques terroristas de 2001”, e havia um “grande sentimento patriota à volta da administração, e então até ganharam lugares nessas intercalares, de uma forma que é historicamente fora do comum”.

“Quase sempre o partido incumbente perde lugares nas intercalares, e isto é o mais provável que venha a acontecer nas eleições de 2022. Existem várias razões para pensar que os democratas têm alguns problemas à sua frente”, afirmou Bradley Jones, apontando para a sondagem mais recente do Pew Research Center.

Há um ano, a taxa de aprovação de Joe Biden estava nos 54% e recuou para os 41%. Já a taxa de reprovação subiu dos 42% para 56%. No início do seu mandato, 65% dos norte-americanos tinham confiança na forma como Joe Biden iria conseguir ligar com a pandemia do coronavírus. Passado um ano, essa percentagem recuou para 44%.

“Quando perguntamos sobre a pandemia do coronavírus, ou sobre boas decisões na política económica, ou a política de imigração, ou unir o país, ou lidar com assuntos criminais ou com a China, vemos declínios [na popularidade de Biden] em todos os temas, tanto entre republicanos como entre democratas”, destaca o investigador de um dos mais reputados think tanks de Washington DC, que não tem filiações partidárias.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.