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Eleições municipais brasileiras confirmam desaire para aliados de Bolsonaro e candidatos do PT

Reeleição de Bruno Covas em São Paulo e regresso de Eduardo Paes à prefeitura do Rio de Janeiro foram os expoentes da sucessão de vitórias do centro-direita tradicional. Enfraquecido a dois anos das eleições presidenciais, Jair Bolsonaro teve como única satisfação testemunhar a primeira ocasião em que o partido fundado por Lula da Silva não venceu nenhum capital estadual.
30 Novembro 2020, 00h44

A segunda volta das eleições municipais brasileiras, que decorreram neste domingo nas 57 principais cidades onde ninguém obteve mais de 50% dos votos na primeira volta, confirmou a dupla derrota dos aliados do presidente Jair Bolsonaro, mas também dos candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT), dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff. Em sentido contrário, sucederam-se triunfos do centro-direita tradicional e de outros partidos de esquerda.

Nas duas maiores cidades brasileiras não houve uma reviravolta em relação aos resultados da primeira volta, prevalecendo os candidatos de centro-direita que tinham ficado aquém da maioria absoluta. Em São Paulo, Bruno Covas, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), foi reeleito prefeito, com 59,4%, derrotando Guilherme Boulos, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que obteve 40,6% e consolidou o estatuto de nova figura a ter em conta na esquerda brasileira. E no Rio de Janeiro Eduardo Paes, do Democratas, regressou ao cargo que ocupou entre 2009 e 2017 ao “esmagar” com 64,1% dos votos o atual prefeito bolsonarista Marcelo Crivella, do Republicanos, um político ultraconservador que antes fora bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Outros dos raros aliados do atual presidente que se qualificaram para a segunda volta foram derrotados, mas por adversários de esquerda, em Fortaleza (Ceará) e Belém (Pará).

Entre muitos desaires dos candidatos do PT, que perderam a segunda volta em capitais estaduais como Recife (Pernambuco), onde João Campos, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), se adiantou à sua prima Marília Arraes, ou em Vitória (Espírito Santo), cidade conhecida pelo elevado grau de criminalidade, que preferiu Delegado Pazolini, do Republicanos, a João Coser, a mais pesada nem sequer foi de uma filiada no partido fundado por Lula da Silva. Manuela d’Ávila, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que há dois anos foi a candidata a vice-presidente do “petista” Fernando Haddad, falhou a conquista da prefeitura de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), ficando nove pontos percentuais atrás de Sebastião Melo, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Conhecido por ser o partido que consegue participar em todas as maiorias que governam o Brasil desde o fim da ditadura, o centrista e pragmático MDB voltou a ter o maior número de vitórias nas municipais (incluindo 774 logo à primeira volta) e até elegeu como prefeito de Goiânia (Goiás) um candidato que se encontra internado num hospital de São Paulo devido à Covid-19. O ex-governador Maguito Vilela, de 71 anos, está ligado a um ventilador e a fazer hemodiálise, o que não o impediu de superar o senador Vanderlan Cardoso, do Partido Social Democrático (PSD).

Nas primeiras eleições municipais em que o PT não conseguiu vencer em nenhuma capital estadual, e em que o bolsonarismo saiu esfrangalhado, sobressaíram as vitórias do centro-direita do Democratas – que além do Rio de Janeiro garantiu à primeira volta as prefeituras de Curitiba (Paraná), Florianópolis (Santa Catarina) e Salvador (Bahia) – e do PSDB, com o triunfo de Bruno Covas em São Paulo a constituir uma alavanca para a candidatura presidencial em 2022 de João Doria, antigo prefeito da maior cidade do Brasil, e atual governador desse estado.

 

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