Eleições para a presidência do Montenegro: a Rússia contra a Europa

Com eleições presidenciais marcadas para 19 de março, os dois principais candidatos têm uma visão estratégica para o país e entendimentos geopolíticos diametralmente opostos. Mas nada indica que as eleições permitam ao país sair da crise política.

Embora tenha sido anunciado que pelo menos sete candidatos participarão nas eleições presidenciais em Montenegro, marcadas para 19 de março próximo, apenas o líder da pró-Rússia da Frente Democrática, Andrija Mandic, de ascendência sérvia, apresentou para já a sua candidatura formal à Comissão Eleitoral do Estado.

Mas, segundo a imprensa local, embora não tenha sido ainda formalmente apresentada, a candidatura do líder do Movimento Europa Agora, Milojko Spajic, ex-ministro do governo de Zdravko Krivokapic, é tomada como certa.

Ou seja, em causa estará em março a opção entre um movimento pró-russo e um movimento pró-europeu – se não surgirem outros candidatos a baralharem ainda mais a votação. Os partidos do poder anunciaram para já que não vão participar na corrida presidencial: o Movimento Cívico URA, do primeiro-ministro Dritan Abazovic, e o Partido Socialista Popular (SNP) de Vladimir Jokovic, que dominam o governo.

O Partido Democrático dos Socialistas, de Milo Dukanovic, ainda não declarou se entrará na corrida para o mandato presidencial ou se apoiará outro partido ou outro candidato não partidário.

Goran Danilovic, líder do Montenegro Unido, também anunciou informalmente a sua candidatura, dizendo que, em caso de eleição para presidente, retiraria o reconhecimento do Kosovo e levantaria as sanções contra a Rússia.

A meses das eleições, surge o primeiro problema: Andrija Mandic e Milojka Spajic possuem cidadania sérvia. Montenegro conseguiu a sua independência em 2006, numa altura em que a antiga Jugoslávia se tinha transformado num país muito diferente então chamado Sérvia e Montenegro. A Constituição do Montenegro estipula que apenas um cidadão montenegrino que tenha residido em Montenegro por pelo menos dez anos nos últimos 15 anos pode ser eleito presidente.

O problema é de tal ordem – complicado com uma sucessão de declarações que só tornam o tema ainda mais nebuloso – que a Comissão Eleitoral do Estado recorreu à sua homóloga na Sérvia para recolher informações credíveis sobre se Andrija Mandic e Milojko Spajic.

Envolvido numa profunda crise política e numa não menos difícil crise económica, Montenegro arrisca assim que as eleições presidenciais tornem o jovem país ainda mais ingovernável.

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