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Elon Musk e a internet via satélite para o planeta

Elon Musk tem muitos sonhos. O maior será levar a Humanidade até Marte mas, antes, quer fazer chegar a rede a qualquer ponto do globo. Trunfo: lançar 4.425 satélites.
28 Novembro 2016, 10h11

A Space X requereu autorização para lançar uma rede gigantesca de satélites. De acordo com o pedido apresentado à FCC (regulador norte americano), a empresa pretende lançar 4.425 satélites na órbitra terrestre, assegurando assim a cobertura total do globo para Internet, exatamente nas mesmas condições e pelo mesmo preço. Hoje, cerca de 57% da Humanidade encontra-se offline e, como se pode ler no pedido, o novo serviço estará disponível para “clientes residenciais, empresas, instituições e governos de todo o mundo”.

As vantagens não se resumem à cobertura. Segundo um estudo divulgado pela norte-americana Akmai, a velocidade média da Internet cifra-se nos 5,6 Mb/s. A Coreia do Sul tem a mais veloz (26,7 Mb/s) e Portugal não está nada mal (10,6), à frente por exemplo da França (8,2). Segundo a Space X, a velocidade da nova Internet será de 1Gb/s (!), muito superior às melhores redes de cabo ou fibra ótica.
A Space X foi fundada por Elon Musk (PayPal, Tesla, etc) para criar uma colónia humana em Marte, como aliás pode seguir através de “Marte”, a série da National Geographic em exibição no canal Fox. Mas este projeto, com um custo estimado de 10 mil milhões de dólares, não é menos ambicioso. Basta pensar nos 4.425 satélites envolvidos quando o total a funcionar em órbita é de 1.420. Mesmo levando em conta os quase 2.600 satélites já desativados, mas ainda a flutuar no espaço, trata-se de um valor muito superior ao que a Humanidade alguma vez imaginou colocar lá em cima.
E a Space X não está sozinha na corrida. Também a Boeing Aerospace e a OneWeb, esta ligada à Airbus, têm planos muito semelhantes, embora um pouco mais modestos (“apenas” mil satélites cada).
Apesar das evidentes vantagens destes projectos, quem leu os livros de Astérix, sabe que não só os “romanos são loucos” como os gauleses só têm medo de uma coisa: “Que o céu lhes caia em cima da cabeça.” Aparentemente estamos mais perto de algo semelhante a isso vir a acontecer.

Quem é Elon Musk?
Elon Musk não é um homem normal. Aos 45 anos tem tripla nacionalidade (sul-africana, canadiana e norte-americana), duas ex-mulheres, seis filhos e uma fortuna avaliada em 11 mil milhões de dólares, que podem vir a ser apenas uma migalha, dada a quantidade de projetos em que se encontra envolvido. Formou-se em Economia pela universidade da Pensilvânia e, um ano depois, em Física. Escolheu esta área para um doutoramento na universidade da Stanford onde permaneceu uns incríveis dois dias (!), antes de desistir para se dedicar à Zip2,  empresa de conteúdos jornalísticos digitais e que acabou por vender, três anos depois, por 307 milhões. Tinha 28 anos e  recebeu 22 milhões, metade dos quais investiu num novo projeto de gestão de pagamentos pela internet. Passam mais três anos e a PayPal é comprada pelo eBay por 1,5 mil milhões. Desde então já fundou a Solarcity (a maior empresa energética solar nos EUA) e a Hyperloop, firma de transporte baseada em “tubos de vácuo” que pretende substituir os comboios de alta velocidade, supostamente com claras vantagens, a Tesla e a SpaceX. Se Musk levar a sua avante em breve vamos viajar através de tubos, a energia solar alimentará as nossas cidades  e automóveis elétricos de condução autónoma (Tesla) antes, claro, de partirmos para Marte (SpaceX). Defende Musk que, se a Humanidade se estabelecer em mais do que um planeta, as hipóteses de extinção são praticamente nulas.

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