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“Em 44 anos na indústria financeira, nunca vi nada assim”, diz CEO da BlackRock sobre a Covid-19

“Em 44 anos na indústria financeira, nunca vi nada assim”, reconheceu Larry Fink, CEO da BlackRock, numa carta dirigida a clientes. “O surto teve impactos nos mercados financeiros com a rapidez e a ferocidade de uma crise financeira clássica.
  • DR
31 Março 2020, 13h13

Larry Fink, o chairman e CEO da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, escreveu uma extensa na qual procurou tranquilizou os acionistas, clientes e colaboradores numa altura em que a economia mundial se encontra sob pressão por causa da pandemia do novo coronavírus.

Com quase sete biliões de ativos sob gestão, a BlackRock não perde o foco na estratégia de investimento no longo-prazo – da qual Larry Fink é um particular adepto – ainda que os impactos económicos da Covid-19 já se façam sentir.

“Em 44 anos na indústria financeira, nunca vi nada assim”, reconheceu o CEO da BlackRock. “O surto teve impactos nos mercados financeiros com a rapidez e a ferocidade de uma crise financeira clássica. Numa questão de semanas, os mercados mundiais caíram de níveis recorde e entraram em bear market“, adiantou.

A bolsa de Nova Iorque esteve com a negociação suspensa por diversas vezes pela primeira vez desde 1997, por breves momentos, para travar a queda ainda mais abrupta dos títulos, nas últimas semanas. “Estas condições foram exacerbadas pelos mínimos históricos das obrigações do Tesouro norte-americano, que são o benchmark para colocar um preço no risco no mercado”, frisou Larry Fink.

Embora reconheça que a situação é “dramática”, o CEO da BlackRock acredita na recuperação progressiva da economia “em parte porque não estão presentes os obstáculos de uma recuperação depois de uma típica crise financeira”.

Neste contexto, Larry Fink destacou a atuação rápida dos bancos centrais no crédito, que se encontra sobre pressão, e a atitude dos governos, que estão a desencadear estímulos orçamentais “agressivamente”. “A velocidade e a forma destas políticas são influenciadas profundamente pela a experiência da crise financeira de 2008. Eu acredito que as suas ações serão provavelmente mais eficazes e mais rápidas porque não estão a combater os mesmos desafios estruturantes que se verificaram há uma década”, adiantou.

Para os clientes e investidores, o CEO da BlackRock reconheceu a importância dos exchanged traded funds (ETFs) neste momento de queda dos preços dos ativos. À medida que os mercados estiveram sob pressão significativa por causa do surto do vírus à escala global, o volume das transações dos ETFs atingiram níveis recorde. Só nos Estados Unidos ascenderam a 1,4 biliões de dólares, o que corresponde a 37% de toda a atividade de investimento, acima da média de 27% registada em 2019.

“Os ETFs estão a ser um instrumento de descoberta de preço [dos ativos] e estão a fornecer liquidez e valor incrementais”, concluiu Larry Fink.

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