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Em dia de liberdade, esquerda enalteceu o SNS como uma das conquistas de abril

Nos discursos das bancadas parlamentares na Assembleia da República, o PCP, Bloco de Esquerda, PEV e PAN frisaram a importância do sistema de saúde e vincaram a defesa da democracia.
  • TIAGO PETINGA/LUSA
25 Abril 2020, 11h20

Com as comemorações dos 46 anos da Revolução dos Cravos a ocorrer na pandemia do novo coronavírus, os partidos à esquerda do PS celebraram a importância do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Nos discursos das bancadas parlamentares na Assembleia da República, PCP, Bloco de Esquerda, PEV e PAN frisaram a importância do sistema de saúde e vincaram a defesa “valores de abril”.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, elogiou a decisão da Assembleia da República manter as comemorações oficiais do 25 de abril e sublinhou que “os direitos não podem ficar de quarentena”. “Decidiu e bem a Assembleia da República comemorar a Revolução de Abril. Em nenhum momento difícil da nossa vida colectiva, mesmo enfrentado as maiores dificuldades e transportando as mais densas inquietações podemos deixar de celebrar Abril. Se há um momento em que o 25 de abril não pode ser apagado é este”, disse o mais antigo deputado do Parlamento.

“Sim, impunha-se estar aqui para exaltar a determinação do nosso povo que ama a liberdade e a reconquistou”, frisou. Defendeu que são “os valores de abril que podem iluminar o caminho de Portugal” e que o desenvolvimento económico “deve ter como objetivo a melhoria das condições de vida dos portugueses, o pleno emprego, uma justa e equilibrada repartição da riqueza nacional, a soberania e a independência nacional”.

Jerónimo de Sousa sublinhou não ser “inevitável que o surto epidémico se traduza em regressão na vida dos trabalhadores e do povo. A resposta às dificuldades passa por valorizar salários e políticas dirigidas à criação de empregos”.

Pelo lado do Bloco de Esquerda, o deputado Moisés Ferreira também sublinhou as alterações que o 25 de abril trouxe para a sociedade portuguesa, nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde. “A pandemia não descontinuou a Constituição nem cerra as portas que Abril abriu. A crise sanitária mostrou como a Saúde é um bem público. Mostrou como o direito à proteção da saúde é absolutamente central, como absolutamente central é também o Serviço Nacional de Saúde, filho da Revolução de 1974”, disse.

O bloquista sustentou que em situações de emergência de saúde pública “é o nosso SNS, público, universal, geral e gratuito, que nos salva e protege” e “não são os privados que fazem da saúde uma mercadoria, os que fecharam portas ou que viam na epidemia mais uma oportunidade de negócio”.

“Precisamos de um SNS com mais investimento para continuar no combate à Covid, recuperar a atividade suspensa e, ao mesmo tempo, reforçar a sua resposta em áreas como a saúde mental ou os meios complementares de diagnóstico. Não voltaremos atrás, ao tempo em que se tirou mais de mil milhões de euros ao SNS”, vincou, acrescentando ser necessário que para os profissionais de saúde “além de aplaudidos e elogiados tenham também melhores carreiras e remunerações”.

“O país vive sob um Estado de Emergência, único na nossa história democrática. Ele tem sido necessário para medidas de confinamento e de restrição da circulação que têm travado a epidemia, mas não suspende a democracia nem serve para atacar direitos e liberdades conquistadas”, frisou. “Abril é que combate a epidemia, não é a epidemia que combate Abril. À crise económica devemos responder com o espírito de Abril: solidariedade e proteção do emprego, justiça e proteção dos rendimentos de quem menos tem, igualdade e intensificação dos direitos fundamentais”, acrescentou.

O deputado José Luís Ferreira, do PEV, defendeu a necessidade de “achatar a curva das desigualdades”. O representante dos Verdes considerou ser “preciso achatar a curva das desiguladdades, pensar nos milhares de trabalhadores que ficaram sem trabalho”. “É preciso achatar a curva da ausência”, acrescentou. Realçou antes do 25 de abril, Portugal era marcado pela mortalidade infantil e pelo analfabetismo, sublinhando que “para trás ficou um pais sombrio. Fascismo nunca mais”, deixou o apelo de “às 15 horas, vamos cantar a Grândola. Viva o 25 de abril”.

A líder parlamentar do PAN, Inês Sousa Real, frisou que o “país democrático não sobreviverá sem novas políticas”, como as ambientais e de sensibilidade com os animais, que “reforcem e aprofundem aquilo que esta crise ainda mais evidenciou: a importância e a necessidade de um Estado social forte, que ponha as pessoas em primeiro plano e que actue na defesa e na protecção do interesse  dos seus cidadãos, sem qualquer tipo de distinção ou discriminação e que  reforcem o caminho para a igualdade”.

Sublinhou que “em democracia a força de um Estado depende directamente da confiança que os seus cidadãos nele  depositam. E não há confiança sem transparência. E a falta dela também alimenta populismos antidemocráticos”.

“A ciência não se cansa de alertar para a necessidade de mudança dos nossos hábitos e comportamentos, caso contrário  não conseguiremos achatar a curva das emissões de carbono nem evitar o aumento da temperatura média global. E isto também nos matará, e mais crises como aquela com a qual nos debatemos hoje se seguirão”, realçou.

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