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Dois em cada 10 portugueses consideram estado da economia “muito mau”

Inquérito da FFMS revela que a maioria dos inquiridos considera o estado da economia mau ou muito mau. Portugueses mostram-se divididos quanto às perspetivas de evolução da economia em 2022.
12 Julho 2021, 00h01

A maioria dos portugueses considera que o estado da economia é genericamente negativo, com 18,9% a classificá-lo como “muito mau” e 44,6% como “mau”. Os dados divulgados pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) revelam ainda uma cisão quanto à expectativa de melhoria da economia no próximo ano.

Os resultados preliminares de um estudo abrangente da FFMS sobre os impactos da pandemia da Covid-19, publicados esta segunda-feira, apontam que a maioria dos inquiridos considera o estado da economia como mau ou muito mau. Paralelamente, 27,3% consideram que o atual estado “não é nem bom nem mau” e apenas 5% classificam como “bom” e 1,2% como “muito bom”, enquanto os restantes 2,9% não sabem ou não respondem.

Quando inquiridos sobre as perspetivas de evolução da economia portuguesa no ano seguinte, 38% dos inquiridos respondem que o estado da economia estará melhor e 30% que estará pior, enquanto 25% consideram que não haverá uma melhoria nem uma degradação.

Ao Jornal Económico, Miguel Portela, investigador da equipa responsável pela área de economia do estudo, realça que “o inquérito reporta-se aos meses de março e abril” e “nesta altura a expectativa dominante era a de uma rápida recuperação da economia. Contudo, a parte da população ainda no desemprego teria, naturalmente, uma expectativa mais pessimista”.

Por outro lado, 56% dos inquiridos não esperam qualquer variação no rendimento nos próximos seis meses e entre aqueles que admitem essa possibilidade, 26% esperam que seja uma melhoria contra 15%, que admite a expectativa de uma deterioração.

Os portugueses mostram-se também otimistas quanto à situação de emprego no futuro, apesar da crise, já que 64,9% dos inquiridos consideram pouco ou nada provável que um ou mais membros do agregado permaneçam ou fiquem desempregado e apenas 16,9% dos indivíduos apontam este evento como provável e 8,2% como muito provável.

“O mercado de trabalho Português é um mercado dual, onde uma parte substancial dos trabalhadores tem um contrato sem termo. Neste contexto, assumindo a sobrevivência de uma parte importante das empresas, estes trabalhadores esperam manter os seus postos de trabalho”, assinala Miguel Portela quando questionado sobre apesar de dois em cada dez dos inquiridos considerar o estado da economia “muito mau”, a esmagadora maioria considera pouco ou nada provável que um ou mais membros do agregado permaneça ou fique desempregado.

Para o investigador da Universidade do Minho, “por seu lado, os trabalhadores com um contrato a termo, ou os desempregados, terão uma expectativa mais pessimista sobre a evolução do desemprego”.

“Assim, apesar de a maioria dos inquiridos partilhar a expectativa sobre o estado da economia, uma menor parte prevê o aumento da incidência de desemprego”, vinca, assinalando que “dado o contexto pandémico, os resultados estão alinhados com as nossas expectativas quanto à perceção da crise por parte da população”.

Famílias dizem ter reduzido 64% das despesas com restauração

A pandemia levou as famílias a consumirem menos e a restauração encabeça a lista dos sectores em que a maioria dos inquiridos reportou ter reduzido as despesas.

De acordo com os dados da FFMS, 64% das respostas apontam para uma redução nas despesas com restauração, 58% com cabeleireiros, beleza e bem-estar, 55% com viagens terrestres e 39% com viagens aéreas, 54% com cultura e 54% com vestuário e 49% com alojamento temporário.

“Por outro lado, os sectores em que as famílias identificaram, com maior frequência, ter aumentado o seu consumo incluem a eletricidade, gás e água (44%); comércio online (34%); e retalho (34%)”, referem as conclusões.

O inquérito da FFMS, que reuniu investigadores do ISCTE-IUL, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, da Universidade de Aveiro e da Universidade do Minho, entre outras, decorreu entre 16 de março e 20 de maio de 2021 e é inserido num estudo mais alargado, que contará com uma segunda vaga de inquéritos a ter lugar entre setembro de 2021.

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