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Emirados Árabes, China e Turquia são os maiores compradores de ouro russo

Antes da invasão, o ouro russo ia quase todo para Londres onde era negociado e depois vendido para outros países. Agora, as exportações destinam-se quase todas a estes três países. OCDE alerta para riscos de reenvio de ouro para o ocidente a partir destes países.
25 Maio 2023, 18h30

Os Emirados Árabes Unidos (EAU), a China e a Turquia são os maiores compradores de ouro russo desde que teve início a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

O país árabe foi o maior comprador deste ouro, com quase 76 toneladas importadas no espaço de um ano, valor que contrasta com as 1,3 toneladas compradas em 2021, revelou hoje a “Reuters” que cita dados da alfândega russa entre 24 de fevereiro de 2022 e 3 de março de 2023.

Já a China e a Turquia importaram cerca de 20 toneladas cada. Os três países compraram praticamente a totalidade das vendas russas de ouro ao exterior, num total de 116 toneladas.  A Rússia produziu 325 toneladas de ouro em 2022. O resto do ouro ficou no país ou foi exportado em transações que ficaram fora dos registados alfandegários.

Após a invasão da Ucrânia, muitos bancos e refinadores cancelaram a negociação de ouro russo que tipicamente seguia para Londres, um centro internacional de negociação e de armazenamento deste metal precioso, antes de seguir para outras paragens.

London Bullion Market Association baniu a negociação de ouro russo a partir de 7 de março de 2022. Vários países seguiram-se ao longo dos meses seguintes, como o Reino Unido, a União Europeia, Suíça, os Estados Unidos, Canadá e o Japão, recorda a agência noticiosa.

Apesar do embargo, o ouro russo encontrou novos clientes nos mercados internacionais, à semelhança do que aconteceu com o petróleo e o gás natural.

Um perito da Organização para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento (OCDE) alerta que existe o risco de o ouro russo estar a ser enviado para o ocidente a partir destes países, tal como acontece com o petróleo e o gás natural que são comprados à Rússia pela Índia e a China antes de serem vendidos ao ocidente.

“É por isso que é importante realizar due diligence para que os compradores finais possam ter a garantia de que estão a respeitar as sanções”, disse Louis Marechal da OCDE.

O Governo dos Emirados Árabes garante que está a operar com processos robustos e claros contra bens ilícitos, a lavagem de dinheiro e entidades sancionadas. Já o Governo turco não respondeu à “Reuters”. Por sua vez, o Governo chinês garantiu que vai manter intacta a sua relação comercial com a China.

Os EAU importaram 750 toneladas de ouro puro em média por ano entre 2016 e 2021. O ouro russo comprado desde a invasão atinge apenas 10% das compras.

Os EAU são um grande exportador de joalharia e metais preciosos. Um dos grande negociantes de ouro do país disse que as empresas russas estão a vender metais preciosos com um desconto de 1% face aos preços internacionais de benchmark.

O Governo norte-americano já avisou os EAU e a Turquia que podem perder acesso aos mercados do G7 se negociarem com empresas russas sujeitas a sanções norte-americanas, mas a “Reuters” disse não ter encontrado provas de que tal tenha acontecido.

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