O príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman – que chegou a estar ‘riscado’ da lista daqueles com quem os líderes do ocidente podiam ser fotografados em conjunto – está em Paris – depois de há dias ter recebido o presidente dos Estados Unidos na Arábia saudita – e manteve conversações com o presidente Emmanuel Macron em torno de questões de energia.
Foi este o principal tema da agenda entre ambos, referem os jornais franceses, durante um encontro que serviu, entre outras coisas, para reabilitar a diplomacia do reino saudita junto do governo francês. Mas Macron não se livrou de diversas críticas – que insistentemente recordaram que a CIA concluiu que o príncipe herdeiro foi o autor moral do assassinato e desmembramento do dissidente Jamal Khashogg no consulado saudita de Istambul.
Assessores do presidente francês citados pelos jornais indicaram antes das negociações que Macron pediria à Arábia Saudita que aumentasse a sua produção de petróleo para ajudar a reduzir os preços nos mercados internacionais, reiterando o mesmo pedido feito por Joe Biden durante uma visita a Riad no início deste mês.
Uma declaração do gabinete presidencial na sexta-feira não fazia referência explícita a petróleo ou gás, mas dizia que Macron “sublinhou a importância de continuar a coordenação contínua com a Arábia Saudita no que diz respeito à diversificação do fornecimento de energia para os países europeus”. Recorde-se que a França tentou há pouco mais de uma semana contratar fornecimento de gás natural ao Catar – que por acaso não é dos países do golfo com os quais os sauditas mantêm relações amistosas.
A Arábia Saudita é um dos poucos países do mundo com capacidade para aumentar a sua produção, sendo essa a razão que os líderes do Ocidente estão a fazer fila na fronteira para serem recebidos pelo reabilitado príncipe.
O comunicado dizia ainda que Macron e o príncipe discutiram a segurança alimentar e os temores do aumento da fome no planeta, causada pela perda da produção de cereais ucranianos e concordaram em trabalhar “para aliviar os efeitos” da guerra na Ucrânia.
“O presidente e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita destacaram a necessidade de encerrar este conflito e intensificar a sua cooperação para aliviar os efeitos na Europa, no Oriente Médio e no mundo em geral”, dizia o texto do comunicado.
Os dois líderes também discutiram a guerra no Iémen. O presidente francês elogiou o que disse serem os esforços da Arábia Saudita para “encontrar uma solução política, global e inclusiva sob a égide das Nações Unidas e expressou a sua esperança de que a trégua continue”, dizia o comunicado.