O sector agroalimentar português terminou o ano passado com um volume de exportações de 7709 milhões de euros, uma subida de 11,4%, face aos 6920 milhões de euros registados em 2020. Na União Europeia (UE), esta indústria representa um volume de negócios de 1,2 triliões de euros e cerca de 4,82 milhões de empregos, o que a cataloga como a maior indústria transformadora do bloco comunitário.
O projeto empresarial Herdade Vale da Rosa, que exporta uvas de mesa, esteve presente representar no Portugal Exportador deste ano, que decorreu no dia 23, no Centro de Congressos de Lisboa, onde estiveram representadas mais de mil empresa, orientado para a estratégia de internacionalização das empresas.
Segundo Susana Ferreira, Diretora Comercial e de Marketing da Vale das Rosas, este ano a exportação do grupo deverá representar entre 15 a 20% das vendas.
“Viemos ao Portugal Exportador cheios de curiosidade e em busca de conhecimentos e ajuda para chegarmos a novos mercados. No evento encontramos muito conteúdo direcionado à comunicação e marketing. Insights extremamente importantes para direcionarmos a nossa mensagem a novos mercados”, explicou a mesma responsável, acrescentando que o grupo participou no evento para procurar “know-how”.
Em declarações ao Jornal Económico, Susana Ferreira explica que “a Vale Rosa, apesar de exportar há muito anos, ainda tem no mercado nacional a sua maior fatia de percentagem de uva comercializada”.
Questionada sobre quais os maiores desafios que o sector agroalimentar enfrenta, a responsável indica encontrar mercados onde se possa colocar um produto de alta qualidade que se distingue pelo sabor, muito próprio da nossa região (Alentejo) e do nosso país.
Além disso, Susana Ferreira abordou “um contexto sócio económico que se agrava e custos de produção cada vez mais elevados”.
Além das nossas responsabilidades empresariais, acreditamos que não podemos descurar as responsabilidades sociais que nos ligam à comunidade onde estamos inseridos. Sendo uma empresa fixada no coração do Baixo Alentejo, região que precisa de muito incentivo e apoio, temos uma consciência muito presente do papel que podemos desempenhar para ajudar ao desenvolvimento e promoção da nossa terra”, detalha.
Vera Mota, Export Manager Queijos Santiago, destaca que, após várias edições, este ano assistiu a temas complementares que vão desde o cliente ao consumidor.
“Estas iniciativas de apoio e divulgação da internacionalização permitem sempre um contacto com novos mercados. Torna-se muito complicado explorar segmentos com necessidades tão diferentes como queijo, serviços de informática, maquinaria ou cosmética”, explicou.
Quanto aos maiores obstáculos com que o sector se depara, a mesma responsável identifica a morosidade dos processos, por si só “delicados e de enorme rigor”.
“Importa salientar que muitas vezes as empresas acabam por arriscar sozinhas a entrada em mercados pela fraca dinamização e falta de apoio e acompanhamento em missões externas organizadas por sector, que possibilitem um caminho menos tortuoso nos mercados internacionais. O agroalimentar e os lácteos em particular acabam por encontrar dificuldades geradas muito pelas especificidades dos mercados e pela legislação a eles associada”, continuou.
José Nero, administrador das Conservas Nero, que se relançou em 2010 com uma nova visão empresarial destacou que os módulos sobre a digitalização apresentados no Marketplace foram os de maior importância para o grupo.
Nero alude, também, ao principal e grande problema que o sector enfrenta do aumento dos custos das matérias-primas e energia.