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Empresas nacionais já estão a adotar medidas para promover a economia circular

Várias empresas nacionais já estão a acelerar a implementação de medidas para promover a economia circular. Poupança de água, diminuição de uso de plástico e uso de renováveis são algumas das boas práticas.
20 Fevereiro 2022, 17h00

Portugal vai ter de acelerar o passo para cumprir os objetivos europeus para a economia circular.

As metas são claras para os próximos anos: o país vai ter de reciclar, pelo menos, 65% das suas embalagens, com este valor a aumentar para 70% em 2030. Já a reciclagem de vidro vai ter de atingir a meta de 70% até 2025, mais 16% face aos valores estimados para 2021, segundo dados da Novo Verde, sociedade gestora de resíduos de embalagens.

Várias empresas nacionais estão a liderar por exemplo e já estão a aplicar medidas para promover a economia circular.

Nos supermercados da Jerónimo Martins, um dos focos é precisamente o combate ao desperdício alimentar: “ temos a meta de alcançar até 2030 a redução para metade do desperdício alimentar que geramos. Entre 2015 e 2020, nos três países em que estamos presentes (Portugal, Polónia e Colômbia), doámos 76.600 toneladas de alimentos a instituições de solidariedade e aproveitámos 102.000 toneladas de fruta e vegetais “feios” para as sopas produzidas nas nossas cozinhas, os produtos de 4ª gama (lavados e preparados para sopas e saldas), e também, para outros produtos destinados ao canal Horeca (através da nossa cadeia grossista Recheio). Além disso, desenvolvemos – no Pingo Doce desde 2019 e na Biedronka desde 2020 – a venda com desconto de produtos alimentares que estão perto de atingir o prazo de validade, de forma a incentivar a sua venda e evitar que se transformem em desperdício”, explica Fernando Ventura, responsável pelos projetos de inovação ambiental do grupo de distribuição.

A Jerónimo Martins também está atenta ao ecodesign de embalagens, projeto iniciado em 2010 e no espaço de uma década já foram poupados “cerca de 27.500 toneladas de materiais, evitando a emissão de cerca de 4.500 toneladas de CO2 (em transportes) através da melhoria da ecoeficiência das embalagens em mais de 534 referências de marca própria. Entre alguns exemplos de intervenção de ecodesign nas embalagens, merece destaque a eliminação, em Maio de 2021 pelo Pingo Doce, das palhinhas de plástico da totalidade das suas bebidas de marca própria. Isto permitiu uma poupança de 15 toneladas de plástico por ano”.

Um dos projetos destacados pela empresa é a solução de (re)encimento de garrafas de plástico reutilizáveis. “No final de 2020, a garrafa ECO estava em 138 lojas, evitando o consumo de 73 toneladas de plástico”.

Em termos de embalagens reutilizáveis, a empresa afirma que procura reutilizar materiais nas suas operações, sempre que possível: “no Pingo Doce e no Recheio, a utilização de caixas de plástico reutilizáveis nas áreas de Perecíveis fixou-se em 39,1 milhões de unidades; na Ara, recorremos a caixas de transporte reutilizáveis para água engarrafada e para fruta e legumes (mais de 4,2 milhões de unidades, um aumento de 50% face a 2019); na Biedronka, e para produtos de padaria, recorremos a 27,5 milhões de caixas de transporte reutilizáveis. Com esta opção, e no total, evitámos a utilização de mais de 35 mil toneladas de embalagens descartáveis”. Já a “Biedronka e o Pingo Doce lançaram sacos reutilizáveis de fruta e legumes em poliéster, encorajando os consumidores a preferi-los em detrimento dos sacos de plástico descartáveis”.

Também na Sonae MC estão a ser tomadas várias medidas: “Destacaria a alteração que fizemos no packaging da roupa de cama da Kasa, que permitiu eliminar o uso de plástico, à semelhança do que já tínhamos feito com as embalagens das lâmpadas da marca Continente. Na área alimentar, salientaria o papel pioneiro que o Continente teve ao ser a primeira marca portuguesa a fixar as tampas às garrafas de água, assegurando deste modo que as mesmas não são perdidas no sistema e que são efetivamente recicladas”, explica Mariana Silva, diretora de sustentabilidade da empresa.

“De igual modo, o foco na circularidade tem-nos permitido inovar ao nível dos produtos. As velas Continente Eco, produzidas a partir de óleos alimentares reciclados, as mochilas note!, feitas com tecido 100% reciclado a partir de garrafas de plástico, ou os sacos do lixo Continente, produzidos com plástico recolhido na nossa operação, são alguns exemplos de produtos circulares desenvolvidos pelas nossas equipas”, acrescenta a responsável da Sonae MC.

A inovação vai mesmo mais além, como no reaproveitamento do excedente de produção. “Transformamos o excedente de produção das maçãs e peras IGP em snacks de fruta desidratada ou em sumos naturais que levam apenas estas frutas espremidas, sem qualquer adição de açúcar ou água. Mais recentemente, através da “Feira do Desperdício” do Clube de Produtores Continente, juntámos 5 produtores de maçã de alcobaça com um parceiro industrial para produzir um produto de valor acrescentado, o Vinagre de Sidra Maçã de Alcobaça Continente, com fruta fora de calibre ou que, pelo seu aspeto, não seria valorizada em fresco (“fruta feia”)”.

No sector da hotelaria, os hotéis Vila Galé contam com “locais de armazenagem de resíduos resguardados, impermeabilizados e arejados e uma triagem e encaminhamento para destinatários licenciados” e ”algumas unidades utilizam compactadores de resíduos, por forma a evitar o maior número de recolhas e transporte”, explica Reinaldo Silhéu, diretor de Qualidade, Ambiente e Segurança.

Simultaneamente, o grupo procura “diminuir a produção de resíduos, dando preferência a produtos a avulso quando possível”. As embalagens são reutilizadas e foi eliminado o uso de plásticos de utilização única. Até as borras de café são utilizadas nas hortas biológicas e jardins dos hotéis.

Em termos de energia, as renováveis já são usadas em várias unidades: solar térmico e solar fotovoltaico. As águas das limpezas dos filtros das piscinas e dos jacuzzis são reaproveitadas para rega. Já nos escritórios, o uso de papel é eliminado, sempre que possível, com primazia para o digital. Desperdício na cozinha? A empresa também reaproveita alimentos (como frutas e legumes) para compotas e bolos. A ação da empresa também estende-se ao lado social: “recorremos a canais de doação de alimentos nas regiões onde temos hotéis, e doamos roupas (toalhas/ lençóis/ cobertores), colchões e outros artigos para algumas entidades”.

Analisando as metas a que Portugal está sujeito, assim como os seus parceiros europeus, a presidente da sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais, considera que a sua “existência é fundamental, são uma driving force da mudança. Temos, por exemplo, a grande meta estabelecida pela Europa para Portugal de chegar a 65% de reciclagem de embalagens colocadas no mercado até 2025. Também a diretiva de Plásticos de Uso Único (SUP), recentemente transposta para os estados-membros da UE e em vigor em Portugal desde 3 de julho do ano passado, vem regulamentar a melhor utilização deste material”.

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