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Empresas portuguesas ‘declaram guerra’ ao plástico

“Precisamos de viver de forma responsável perante o plástico e isso passa por melhorar e intensificar a informação juntos dos consumidores”. A afirmação é de Vitor Martins da Sonae, que garante que não são só os produtores os grandes responsáveis.
22 Fevereiro 2019, 18h26

A conferência “Vive(r) com menos plástico”, que teve lugar esta sexta-feira, 22 de fevereiro, no auditório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa, reuniu empresas portuguesas que estão a abrir guerra ao plástico. Representadas na mesa redonda estavam a Sonae, a Sociedade Ponto Verde, a Smart Waste, a Primefood, EGF e a Nova Business School.

Vitor Martins, representante da Sonae, afirma que a empresa definiu objetivos da política do ambiente no século XX, após analisar o constante aumento do plástico que se verificava no país. “O plástico é fantástico para as utilizações que tem”, afirma Martins, mas não esquece que este é um obstáculo há sustentabilidade ambiental que prometem.

Assumiu ainda alguns compromissos que a empresa pretende atingir até 2025. “Antecipar que em 2025 todas as embalagens de plástico sejam recicláveis ou reutilizáveis, reduzir ou eliminar a utilização do plástico passando a usar outros materiais, aumentar a matéria prima secundária utilizada e aumentar a reutilização de produtos”, são alguns dos objetivos a que a Sonae promete atingir.

Em valores, o responsável pela marca no debate declarou que com o fim do plástico vão conseguir reduzir 21 toneladas de cotonetes com bastão plástico, o que corresponde a mais de 100 milhões de unidades. A introdução de sacos feitos com 80% de material reciclado vai permitir reduzir 1.300 toneladas desperdiçadas. Das suas lojas, eliminaram 38 toneladas de loiça descartável, o equivalente a 14 milhões de unidades, substituindo esta por talheres de bambu. As couvetes onde era transportada a carne foram transformadas e agora são produzidas com 50% de material reciclável, o que permitiu eliminar 230 toneladas de plástico. Uma medida que também tomaram há pouco tempo foi a espessura das garrafas de água de 0,33L e 0,50L, reduzindo 41 toneladas de lixo.

“Precisamos de viver de forma responsável perante o plástico e isso passa por melhorar e intensificar a informação juntos dos consumidores”, garante o responsável. Para a explicação deste fenómeno, Vitor Martins garante que como as sociedades se estão a tornar mais urbanas, estão a ficar com pouco tempo disponível e isso verifica-se no aumento significativo de compras de comida pré-feita que, por sua vez, é embalada em recipientes de plástico. Vitor Martins afirma que este é um problema urgente que deve ser resolvido porque acaba por colocar pressão nos pré-fabricados e obriga a um aumento da produção do plástico.

Luís Veiga Martins, da Nova Business School, apoia-se nas palavras do responsável da Sonae quando declara que “é possível viver com menos plástico”, e para isso só é preciso aos hábitos antigos em que as garrafas eram de vasilhame e permitia uma poupança.

Ana Isabel Morais, da Sociedade Ponto Verde, garante estar a desenvolver um novo projeto, em plataforma digital, que pretende diminuir o uso de plástico descartável. “Não chega sensibilizar consumidores mas também os produtores”, garante a responsável, depois de afirmar que é necessário desenvolver uma linguagem universal para o mercado do plástico e para os consumidores.

Esta empresa pretende reduzir a quantidade de embalagens no mercado e de reduzir a pegada ambiental de Portugal, e por isso querem que os fabricantes selecionem novas matérias primas que sejam mais recicláveis e que permitam um uso sustentável. Ainda assim, Ana Isabel Morais defende que para o país introduzir a medida da redução do plástico “é preciso fazer investimentos” e que isso começa por “restaurar a confiança do cidadão”.

Cristina Tadeu, da Primefood, diz que a guerra da empresa contra o plástico já começou em diversos sítios de Lisboa, como o Centro Comercial Colombo, Centro Comercial Vasco da Gama e Aeroporto de Lisboa, além de já terem entrado no mercado do Porto. “O principal objetivo foi reduzir a pegada ambiental, e demos o primeiro passo de eliminar as palhinhas, bem como todos os materiais de origem fóssil na pastelaria Versailles no Colombo” afirma a responsável da Primefood.

No Aeroporto de Lisboa querem suspender o uso de palhinhas de plástico bem como os copos descartáveis. Mas Cristina Tadeu afirma que “não somos extremistas. Precisamos do plástico, e o que mais vendemos são garrafas de água de plástico”. Da Smart Waste, Luísa Magalhães, falou que o Estado é o primeiro que tem de dar o exemplo na redução do plástico, e que para isso a “obrigatoriedade terá de ser um contributo”.

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