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Energéticas em Itália, Alemanha e Áustria preparam-se para comprar gás em rublos (com áudio)

As negociações entre compradores europeus e a Gazprom, fornecedora de gás controlada pelo Estado russo, intensificam-se à medida que os prazos de pagamento se aproximam.
  • Reuters
28 Abril 2022, 10h30

Algumas das maiores empresas de energia da Europa, como a Uniper (Alemanha), OMV (Áustria) ou a Eni (Itália), estão a ultimar os preparativos para utilizar o sistema de pagamento de gás russo exigido pelo Kremlin, em rublos, que os críticos afirmam que vai minar as sanções impostas pela União Europeia (UE) à Rússia, avança o “Financial Times”.

Para cumprirem as exigências do presidente russo, Vladimir Putin, as empresas da UE terão de abrir contas em rublos (moeda oficial russa) no Gazprombank na Suíça.

As negociações entre compradores europeus e a Gazprom, fornecedora de gás controlada pelo Estado russo, intensificam-se à medida que os prazos de pagamento se aproximam.

A italiana Eni, um dos maiores clientes da Gazprom, está a avaliar as suas opções, segundo duas fontes não identificadas citadas pelo “Financial Times”. A empresa apoiada pelo governo italiano tem até o final de maio, quando o seu próximo pagamento por matéria-prima oriunda da Rússia deve ser feito.

Os preparativos mostram o impacto dos esforços russos para blindar o fornecimento de gás e desafiar a capacidade da UE de manter uma frente unida contra Moscovo.

Putin aprovou um decreto no final de março para que os compradores de gás das nações que considera “hostis”, onde se inclui toda a UE, tivessem de abrir contas bancárias em moeda estrangeira e rublos no Gazprombank, o braço financeiro da Gazprom com sede na Suíça, para pagar as importações. A medida foi vista como uma forma de neutralizar as sanções da UE contra o banco central da Rússia pela invasão da Ucrânia por Moscovo.

Importadores de gás na Polónia e Bulgária, que se recusaram cumprir com as exigências do Kremlin, tiveram o fornecimento de gás russo interrompido na quarta-feira, uma decisão que Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (CE), descreveu como “chantagem”.

Bruxelas tem lutado para contrariar as exigências de Moscovo. A CE emitiu uma orientação técnica oficial admitindo que a engenharia financeira elaborada pelo Kremlin poderia ser “conforme com as sanções” sob algumas condições. Isso faria com que a Rússia pudesse aceder a milhares de milhões de euros em receitas de gás para sustentar a sua moeda e a sua economia, disseram os Estados-membros e as autoridades da UE.

Sob o novo mecanismo russo, as empresas europeias continuariam a pagar ao Gazprombank pelas importações em euros, garantindo que não violam o regime de sanções. O banco russo, que não está sob sanções da UE, a seu pedido, converteria depósitos denominados em euros em rublos numa segunda conta aberta no seu nome, para pagamento posterior à Rússia.

Os conselheiros da CE concluíram que qualquer movimento da UE para impor sanções contra o Gazprombank,  que seria a maneira mais rápida de responder às exigências de Putin, poderia comprometer todo o mecanismo de pagamento existente para o gás russo, resultando numa cessação catastrófica de importações para o bloco.

Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo da CE, disse que cabe principalmente às empresas individuais que assinaram os contratos com a Gazprom implementá-los e interpretá-los.

“Os preços são acordados em euros ou dólares. Então, as empresas devem pagar essas quantias em euros por uma determinada quantidade de gás, fim da história”, disse Dombrovskis.

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