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Energia offshore: Governo quer que torres eólicas sejam construídas em Portugal

A criação de uma fileira industrial em Portugal para fornecer os projetos dos leilões eólicos offshore é uma das ambições do Governo. Resta saber se será incluída no caderno de encargos dos leilões. O primeiro será lançado ainda este ano.
11 Abril 2023, 11h17

O Governo quer criar uma fileira industrial em Portugal para fornecer os equipamentos para as centrais eólicas marítimas (offshore) que deverão nascer após o lançamento de vários leilões.

O primeiro leilão terá lugar ainda este ano, e o executivo tem o objetivo de criar 10 gigawatts de potência offshore até 2030, uma meta bastante ambiciosa, dada a escala dos projetos, conforme têm apontando vários especialistas.

O objetivo do executivo passa por apoiar o “desenvolvimento dos equipamentos necessários à transição energética como as torres eólicas offshore”, de forma a abastecer o “próprio concurso eólico offshore” e depois a exportação para outros mercados, disse hoje a secretária de Estado da Energia. “Temos produtores de equipamentos que vão fornecer novos parques eólicos offshore”.

“Apoio ao desenvolvimento das tecnologias necessárias à concretização dos projetos de fontes renováveis. É assim que criamos empregos, valor acrescentado”, segundo Ana Fontoura Gouveia, em discurso na “Energy Conference” que teve hoje lugar em Oeiras. A dúvida agora passa por saber-se a criação de uma fileira industrial ou a incorporação de material produzido no país vai ser obrigatório nos cadernos de encargos que saírem dos leilões.

A responsável também destacou que é preciso assegurar que os resultados dos leilões “resultam nos melhores preços para os nossos consumidores, leiloes que protegem interesses nacionais”. Para este efeito, estão a ser realizados estudos técnicos.

No entanto, os consumidores irão pagar uma pipa de massa por este ambicioso investimento via tarifas de eletricidade e não será pouco. O Governo já estimou o investimento necessário entre 30 a 40 mil milhões de euros. O investimento será feito pelos promotores privados que procurarão receber tarifas que permitam compensar o investimento e que também produzam lucro. Se as tarifas que saírem dos leilões (o modelo ainda está por apurar) forem muito baixas, os leilões ficam desertos ou os projetos vão tardar em sair do papel. Se as tarifas forem muito altas, os consumidores vão ter de despender mais dinheiro para financiar os projetos.

A criação de uma fileira industrial no país para apoiar projetos energéticos já foi utilizada a partir de 2005 no consórcio Eneop – Eólicas de Portugal, constituído pela EDP Renováveis (40% do capital), a Enel Green Power (40%) e a Generg (20%) e que construiu 1.200 megawatts de energia eólica onshore. O consórcio separou-se em 2015, dez anos depois da sua constituição, e os ativos foram divididos entre as empresas, consoante a sua participação.

O projeto teve uma fileira industrial sediada em Portugal para apoiar o seu desenvolvimento. A alemã Enercon abriu uma unidade industrial em Viana do Castelo para abastecer estas centrais, fabricando as pás, torres e aerogeradores. Outras empresas nacionais também estiveram envolvidas nos projetos como a A. Silva Matos de Aveiro, ou a CME.

O Governo revelou no início de março que vai lançar de forma faseada os leilões que visam a construção de 10 gigawatts de energia eólica marítima (offshore) até 2030. O primeiro leilão deverá ser lançado este ano, com os restantes a terem lugar nos próximos anos.

São 3.400 quilómetros quadrados no mar português para instalar 11 gigawatts de energia eólica marítima (offshore) divididos por oito áreas. Esta é a proposta do Governo cuja consulta pública termina a 10 de fevereiro.

Destas oito áreas, seis destinam-se a instalar tecnologia fixa: as bases dos aerogeradores são fixados ao fim do mar, em zonas onde a profundidade máxima atinge os 50 metros: Matosinhos (181 km2 para instalar 995 megawatts) e a área de jurisdição portuária do porto de Sines (10 km2 para instalar 53 megawatts). Estas duas áreas contam com um total de 191 km2 para instalar mais de mil megawatts.

Seguem-se as seis áreas para instalar centrais flutuantes em locais onde as profundidades variam entre os 75 metros e os 200 metros) que vão de Viana do Castelo até Sines num total de 3.200 km2, numa potência de 10 gigawatts. A saber: Viana do Castelo (663 km2 para dois gigawatts), Leixões (463 km2 para 1,5 gigas), Figueira da Foz (1.238 para 4 gigas), Ericeira (256 km2) e Sintra/Cascais (84 km2) para 1 gigawatt, e Sines (499 km2 para 1,5 gigas).

E qual a distância mínima que estas áreas ficam de terra? Viana do Castelo (18,9 kms), Leixões (37,5 kms), Figueira da Foz (35 kms), Ericeira (10,5 kms), Sintra/Cascais (10,6 kms), Sines área norte (16,5), Sines área sul (15,5 kms), Matosinhos (3,5 kms), Sines (área de jurisdição portuária (1,8 kms).

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