[weglot_switcher]

Energias renováveis. Aquila capta financiamento de mil milhões para 50 projetos na Península Ibérica

Há sete bancos envolvidos na operação que tem o apoio do BEI. O volume de investimento total será de dois mil milhões de euros e contempla “pipeline” de mais de 50 projetos de energias renováveis na Península Ibérica.
7 Setembro 2022, 15h26

A Aquila Clean Energy EMEA, a plataforma de desenvolvimento de energias renováveis da Aquila Capital na Europa, assegurou uma linha de financiamento de mil milhões de euros apoiada pelo programa InvestEU. Este é um financiamento sem precedente para a construção de ativos e inclui um dos maiores empréstimos concedidos pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) ao abrigo de uma estrutura de financiamento de projetos.

O volume de investimento total será de dois mil milhões de euros e contempla “pipeline” de mais de 50 projetos de energias renováveis na Península Ibérica.

Há sete bancos comerciais envolvidos na operação, como o Santander, que atuou como o Facility and Security Agent, o NatWest, que tomou o lugar de Documentation Agent e o KfW IPEX-Bank, que colaborou como Hedging Documentation Agent. O BNP Paribas, ING, Intesa SanPaolo e Banco Sabadell também participaram na operação. Registou-se uma procura muito elevada por esta operação (que superou de forma significativa o montante colocado), o que confirma o enorme interesse que este financiamento gerou.

O vice-Presidente Executivo da Economy that Works for People, Valdis Dombrovskis, afirmou em comunicado que “o desenvolvimento da infraestrutura que vai assegurar os objetivos do Pacto Verde (Green Deal) vai exigir um apoio financeiro considerável”. “O InvestEU vai desempenhar um papel importante na mobilização do financiamento. Estou encantado por este programa estar a facilitar um investimento de 2 mil milhões de euros que vai ajudar Portugal e Espanha a concretizarem o seu potencial nas energias renováveis”, conclui.

Este financiamento é composto por um crédito de 400 milhões de euros do BEI – suportado por uma garantia orçamental da UE ao abrigo do InvestEU – e por 600 milhões de euros do consórcio dos bancos comerciais. Para atingir o volume total de mais de dois mil milhões de euros deste projeto, o montante restante de mais de mil milhões de euros provém de fundos geridos pela Aquila Capital e a partir do capital da empresa.

Na nota, é revelado que “este financiamento vai assegurar o desenvolvimento e construção de projetos de energia renovável da Aquila Clean Energy em Portugal e Espanha durante os próximos três anos. Os projetos serão implementados nas regiões de Setúbal, Coimbra, Évora e Leiria, em Portugal, e Castela e Leão, Comunidade Valenciana, Andaluzia, Cantábria, Castela-A-Mancha e Múrcia, em Espanha”.

Os mais de 50 projetos de energia solar fotovoltaica (PV) e energia eólica “onshore” têm uma capacidade total de produção de eletricidade de 2,6 gigawatts (GW), o equivalente ao consumo anual de cerca de 1,4 milhões de lares. Estes projetos terão um rendimento estimado de 5,3 terawatts/hora por ano, refere a Aquila.

Esta operação está alinhada com as metas da União Europeia na área das energias renováveis e visa apoiar Portugal e Espanha a cumprir os compromissos de redução das emissões de gases com efeito de estufa, razão pela qual tem o apoio do BEI.

“A grande maioria dos investimentos deve estar localizada nas regiões prioritárias de coesão do BEI (91%, de acordo com o pipeline do projeto), apoiando assim a recuperação económica nestas regiões que foram particularmente afetadas pela pandemia por Covid-19”, lê-se no comunicado.

As sociedades CMS e White & Case (ambas de Hamburgo) atuaram como conselheiros jurídicos dos mutuários e credores, respetivamente. A Glas SAS, em Frankfurt, é o agente administrativo, revela a Aquila.

Segundo o documento, este é um financiamento inovador para o Banco Europeu de Investimento (BEI), já que é de curto prazo, e o histórico desta instituição de desenvolvimento, na área das infraestruturas, tem sido, sobretudo, de empréstimos a longo prazo.

“Este projeto tornou-se possível devido à garantia orçamental da União Europeia, ao abrigo do programa InvestEU, que permite ao BEI aumentar o potencial de risco das suas operações – e, neste caso particular, assumir o risco do mercado de eletricidade sob uma estrutura de financiamento sem recurso, uma vez que esta transação não envolve qualquer mecanismo de “hedging” de preços como o PPA (Power Purchase Agreement)”, refere.

A empresa revela que “o programa InvestEU acompanha o bem-sucedido Plano de Investimento para a Europa e tem como objetivo facilitar o investimento na UE”.

“A transação histórica hoje anunciada não só aumenta de forma considerável a capacidade de produção de energia renovável na Península Ibérica como também contribui para os objetivos do Pacto Verde europeu”, referem as entidades envolvidas.

Susanne Wermter, CEO da Aquila Clean Energy EMEA, sublinha em comunicado que “estamos extremamente satisfeitos por conseguirmos assegurar este financiamento histórico num ambiente de mercado que é marcado por inflação elevada, taxas de juro a subir, problemas na cadeia de abastecimento e a guerra na Ucrânia. Este é o maior financiamento na história da Aquila Clean Energy e da Aquila Capital”.

“Demonstra que os nossos ativos de energias limpas, que têm como objetivo apoiar ativamente a transição energética europeia, são credíveis e apetecíveis. Com o financiamento agora assegurado, estamos a abrir uma margem de crescimento adicional para a nossa empresa – e com os ativos que estão planeados, seremos capazes de continuar a oferecer oportunidades interessantes aos nossos investidores. Gostaria de agradecer a todos os envolvidos a dedicação e esforço demonstrados ao longo dos últimos doze meses para concretizar este negócio”, refere a CEO.

Por sua vez, o vice-Presidente do BEI, Ricardo Mourinho Félix, destaca que “esta linha de financiamento é a primeira do seu género e uma transação histórica para o BEI. Como o banco de referência da UE no financiamento de projetos ligados ao clima, o desenvolvimento sustentável está no centro das nossas atividades”. “Estamos por isso extremamente orgulhosos por financiar este projeto, através de um Empréstimo Verde que contribui de forma substancial para a transição energética da Europa e para a segurança do abastecimento energético”, conclui.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.