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Energias renováveis podem alterar dependência histórica de Portugal, diz Ribeiro da Silva

Nuno Ribeiro da Silva participou na conferência “Portugal: objetivo crescimento”, promovida pela Ordem dos Economistas, em Lisboa.
12 Março 2022, 14h51

Portugal tem possibilidade de alterar a sua dependência energética história, com o investimento em energias renováveis, especialmente no quadro atual de disrupção no mercado da energia, por causa da pandemia de Covid-19 e, agora, em resultado da invasão russa da Ucrânia, defendeu o presidente da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva.

“Sempre tivemos um calcanhar de Aquiles, uma bola de chumbo, por estarmos dependentes do exterior numa economia energia intensiva”, afirmou, no segundo dia da conferência “Portugal: objetivo crescimento”, promovida pela Ordem dos Economistas e da qual o Jornal Económico é media partner, no painel sobre desenvolvimento sustentável.

“Pela primeira vez, parece que estamos do lado certo da barricada”, sustentou, referindo-se ao investimento que tem sido feito em energias renováveis, aproveitando os recursos endógenos do país.

“O facto de dispormos de um leque variado de fontes renováveis não é normal. Esta zona é privilegiada”, disse, apontando a capacidade de aproveitamento da capacidade de produção de energia a partir do sol, vento, água, geotermia e do oceano. “Todo este mix é um privilégio que Portugal tem”, considerou.

Nuno Ribeiro da Silva abordou, também, a atual situação do mercado energético internacional, referindo que a instabilidade não teve início no último mês, com a guerra na Ucrânia, mas já se sentia antes.

“Já eramos surpreendidos com o autêntico pulverizar de recordes, no segundo semestre do ano passado”, disse Ribeiro da Silva, apontando o preço da energia, dos fretes, dos seguros, etc. “2020 foi um ano de quebra da procura, quando toda a cadeia energética vinha com a embalagem do crescimento de 2019”, explicou, apontando que a pandemia “provocou a completa desregulação do quadro energético”.

Ribeiro da Silva referiu que a política energética é feita a partir de três pilares – segurança do abastecimento, preços e sustentabilidade e relação ambiental –, mas que a aposta tem sido feita apenas num pilar, o da relação ambiental. “Esquecemo-nos do pilar da segurança do abastecimento”, criticou.

“Andámos, sistematicamente, a meter a raposa dentro do galinheiro”, afirmou, referindo-se à dependência que a Europa tem do petróleo e do gás natural provenientes da Rússia.

No entanto, apesar deste quadro, o presidente da Endesa que há “boas notícias para Portugal, que sempre teve dependência energética – chegou a 12% do PIB a compra de energia ao exterior –, com todas as transformações que estão a acontecer”.

“Hoje, com o modelo energético, de transição energética, que todo o mundo adotou, o foco está em aproveitar fontes endógenas, fontes renováveis”, afirmou, defendendo que beneficia Portugal.

“Pela primeira vez, parece que estamos do lado certo da barricada, não dos combustíveis fósseis, que não tínhamos ou que não quisemos saber se tínhamos, nem da tecnologia externa”, considerou.

Acrescenta, ainda, que a política energética sustentada pelas energias renováveis é virtuosa, porque tem impacto nos três pilares da política energética.

Acrescenta que esta análise já tem repercussões, porque no mercado da energia, a prazo, os preços do fornecimento da Península Ibérica são inferiores ao do norte da Europa.

O painel sobre sustentabilidade contou, também, com as participações de Clara Raposo, presidente do ISEG; Margarida Mano, vice-reitora da Universidade Católica Portuguesa; e Luís Mira Amaral, presidente dos conselhos da Indústria e da Energia da CIP. A moderação esteve a cargo de Marta Mariz, diretora do Novobanco.

A conferência “Portugal: objetivo crescimento” teve início sexta-feira e termina este sábado, 12 de março, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. É também transmitida online e pode ser acedida através do site do Jornal Económico.

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