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Ensino superior europeu passa pelo Politécnico de Leiria

Numa altura em que Bruxelas recomenda o reforço da cooperação, o JE Universidades foi conhecer a RUN-EU, universidade europeia que junta sete instituições de seis países e é liderada pelo IPLeiria.
13 Fevereiro 2022, 13h00

A Comissão Europeia adotou uma proposta de recomendação do Conselho sobre uma maior cooperação a nível do ensino superior europeu. Rui Pedrosa, presidente do Instituto Politécnico de Leiria, que lidera uma das 41 alianças de Universidades Europeias, aplaude. “Na verdade, os grandes problemas societais são globais e só com redes colaborativas internacionais fortes e suportadas pela ciência e pelo conhecimento é que será possível ultrapassá-los”, afirma ao JE Universidades.

O Politécnico de Leiria lidera uma das 41 Universidades Europeias e faz parte dos 5% das Instituições de Ensino Superior (IES) da Europa que integram estas redes pioneiras e transformadoras do ensino superior. Além do IPLeiria, estão envolvidas nesta iniciativa uma dezena de instituições portuguesas. As Universidades de Aveiro, Lisboa e Porto integraram a lista inicial dos 17 consórcios aprovados por Bruxelas, a que se juntaram, na fase seguinte, 24 redes em que participam os Institutos Politécnicos do Porto, de Setúbal e do Cávado e do Ave (IPCA que integra o projeto com o IPLeiria), bem como as Universidades de Coimbra, Lusófona e Beira Interior.

Estas alianças transnacionais de estabelecimentos de ensino superior de toda a União Europeia são dotadas de apoio financeiro dos programas Erasmus+ e Horizonte 2020, partilham uma estratégia de longo prazo e promovem os valores e a identidade europeus. Estão empenhadas em reforçar a mobilidade dos estudantes e do pessoal e promover a qualidade, a inclusão e a competitividade do ensino superior no espaço da UE.

Nesta edição, o JE Universidades dá a conhecer a Regional University Network (RUN-EU). Liderada pelo Politécnico de Leiria, é constituída por sete instituições de seis países, o que espelha a sua diversidade. Embora diferentes, têm em comum a dimensão. Eis os parceiros: Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, portugês; Technological University of the Shannon: Midlands Midwest (TUS), da Irlanda; Széchenyi István University (SZE), da Hungria; Häme University of Applied Sciences HAMK, da Finlândia; NHL Stenden University of Applied Sciences, da Holanda; FH Vorarlberg University of Applied Sciences, da Áustria.

Na primeira assembleia geral da RUN-EU, recentemente, realizada na irlandesa TUS, foi lançado um projeto que visa consolidar a cooperação entre os membros da rede nas áreas da investigação e inovação. Tem o nome “RUN-EU+” ou RUN-EU PLUS, abreviatura de RUN-EU Professional Research Programmes for Business and Society e envolve um investimento de cerca de dois milhões de euros, financiados pelo programa Horizonte 2020, durante os próximos três anos. Que iniciativas estão na forja?

“O projeto RUN-EU+ iniciou em outubro de 2021 com um plano de trabalho que reforça a capacidade dos investigadores, a cooperação das equipas internacionais de investigação e a aceleração da adoção de políticas de ciência aberta no âmbito da Universidade Europeia RUN-EU”, explica Rui Pedrosa.

“Neste âmbito — adianta— serão criados três novos cursos de mestrado e um programa doutoral de interface. Estes programas conjuntos serão organizados em estreita colaboração com empresas e instituições parceiras de todas as regiões e países da RUN-EU, permitindo aos estudantes usufruírem de uma experiência de formação avançada imersiva, com trabalhos de investigação aplicados à resolução de problemas reais da sociedade e das empresas”.

Para além de várias reuniões de trabalho dos parceiros internacionais, no âmbito do projeto RUN-EU+ foi realizada, em 14 de dezembro, a primeira Conferência Internacional Anual sobre Investigação Aplicada com as Empresas e a Sociedade (ICARUS). O evento envolveu cerca de 300 participantes, entre estudantes, bolseiros, professores, investigadores e parceiros empresariais e da sociedade, em torno da discussão sobre o desenvolvimento de programas de investigação aplicada, práticas de Ciência Aberta e sobre o desenvolvimento da carreira de investigador através da RUN-EU.

Sem muros, nem fronteiras
Bruxelas quer reforçar a dimensão europeia do ensino superior e da investigação, centrando-se nas carreiras académicas e de investigação e capacitando as universidades como motores do papel e da liderança global da União Europeia. A estratégia apresentada pela Comissão Europeia em meados de janeiro e debatida pelos ministros da tutela, entre os quais o português Manuel Heitor, na semana seguinte, em Paris, está, agora, em consulta nas IES.

O executivo liderado por Ursula von der Leyen adotou ainda uma proposta de recomendação do Conselho sobre uma maior cooperação a nível do ensino superior europeu, que “deverá facilitar o fluxo de conhecimentos e estabelecer uma ligação mais forte entre a educação, a investigação e comunidades industriais inovadoras”. Na prática, é um convite para que os 27 tomem medidas e criem “condições adequadas a nível nacional que permitam uma cooperação transnacional e desenvolvimento de atividades conjuntas de educação e investigação”.

A cooperação agrada a quem está no terreno. “Vemos com muito bons olhos o alargamento e o reforço da rede colaborativa europeia em torno das Universidades Europeias”, diz o presidente do Politécnico de Leiria.

“É fundamental — afirma — alargar a rede para acelerar todos os processos de transformação, quer seja no âmbito da inovação pedagógica, na flexibilidade curricular, nas formações curta avançadas e nos microcréditos, nomeadamente associados à requalificação e qualificação avançada ao longo das carreiras profissionais, nos graus europeus (double ou joint degrees), bem como na criação de ecossistemas de inovação transformadores”.

Para Rui Pedrosa, o caminho está trilhado, é irreversível e há que aprofundá-lo. “Temos de ser, cada vez mais, instituições de ensino superior sem muros e abertas”, diz, concluindo: “esta é mais uma oportunidade de demonstrar abertura, valores comuns e espírito coletivo europeu.”

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