Envelhecer é um processo natural a todos os seres vivos. Todos envelhecemos, não há como escapar. A forma como escolhemos envelhecer é uma opção individual. Mas como podemos garantir um envelhecimento saudável para toda a sociedade?

Apesar de geralmente associarmos o envelhecimento à saúde, esta questão é muito mais complexa. Falamos de saúde física e mental, mas também de acessibilidade na habitação e nas cidades, autonomia financeira, participação ativa no mercado de trabalho e inclusão nas comunidades locais.

Em 2050, 47,1% da população de Portugal terá mais de 55 anos, tão-só a percentagem mais elevada na Europa. O problema agrava-se com as baixas taxas de fertilidade, causando um aumento na taxa de dependência da população ativa sobre a inativa. O Reino Unido não está muito atrás nesta tendência – em 2046, uma em cada quatro pessoas terá mais de 65 anos.

Estes números demonstram a urgência do envolvimento de todos na resposta ao envelhecimento enquanto sociedade. A dimensão deste problema exige um diálogo institucional, tanto a nível nacional como internacional, e políticas públicas de longo prazo.

Este mês, tive a oportunidade de participar no primeiro Fórum Portugal-Reino Unido para o envelhecimento saudável, na Fundação Calouste Gulbenkian, e pude perceber que os nossos países partilham os mesmos desafios e promovem soluções semelhantes. Na sua intervenção, a ministra de Estado e da Presidência Mariana Vieira da Silva destacou a abordagem do Governo português focada na demografia, considerado um dos quatro desafios estratégicos que se colocam a Portugal nos anos vindouros. No âmbito da sua estratégia industrial, o Reino Unido prevê garantir cinco anos adicionais de vida saudável a todos os cidadãos até 2035.

Durante o evento, pudemos constatar como a investigação e a inovação são aliados naturais na busca de um envelhecimento saudável. Mobiliário que ajuda na locomoção dos seus proprietários, aplicações que facilitam o acompanhamento de doentes crónicos, e o trabalho desenvolvido pelos centros de investigação, e incubadoras e aceleradoras de inovação, tais como o NICA em Newcastle e a Universidade de Coimbra – demonstram a diversidade das soluções que estão a ser desenvolvidas. Outro excelente exemplo é a cidade de Manchester, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como a primeira cidade-região “age-friendly do Reino Unido.

Se dúvidas houvesse, estou certo de que este encontro evidenciou a importância de partilharmos experiências e boas práticas. Temos a expetativa de vir a trabalhar com os nossos parceiros na organização da 2ª edição do Fórum Portugal-Reino Unido para o envelhecimento saudável, com o foco na inovação como meio transformador para garantir um envelhecimento saudável das nossas sociedades.