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Espanha: uma incerteza pós-eleitoral com duas alternativas para o PSOE

As eleições em Espanha seguiram o guião que todas as sondagens indicavam: os socialistas ganharam, mas a possibilidade de formarem um governo estável é tão curta que ninguém acredita que venha a ser possível.
  • Pedro Sanchéz, líder do PSOE e primeiro-ministro de Espanha
11 Novembro 2019, 07h15

Nada de novo depois de mais um dia de eleições em Espanha: O PSOE de Pedro Sánchez voltou a ganhar sem maioria absoluta – longe disso – e tem em vista os mesmos dois cenários de sempre para lá poder chegar: uma aliança ao centro com o PP de Pablo Casado, algo que nunca foi tentado nem nunca esteve em vista ao longo da campanha eleitoral (ou sequer da vida política de ambos); ou uma aliança com os partidos de esquerda (o Unidas Podemos e o Más Pais), a que necessariamente teria que se acrescentar os pequenos partidos independentistas.

Ou seja, para ficar a contar com uma maioria absoluta, Pedro Sánchez teria que voltar a um lugar onde foi infeliz – a aliança com os independentistas da Catalunha e do País Basco – e principalmente onde será muito difícil regressar: depois das eleições de 28 de abril, esses partidos deixaram de estar interessados em ligações institucionais com o PSOE. E Pedro Sánchez também não viu na altura nenhum bom motivo para ir bater-lhes à porta mais uma vez.

Com as contas ainda não totalmente fechadas, o que parece estar cada vez mais difícil é a capacidade de os partidos de direita – com o Vox incluído – conseguirem chegar a uma maioria absoluta. É para todos os efeitos uma derrota: o bloco não conseguiu capitalizar as reservas que parte do eleitorado demonstrou ter em relação ao PSOE, e um possível governo de direita alternativo à eventual (e provável) incapacidade de os socialistas agregarem em seu torno uma maioria de deputados das Cortes está agora mais longe que até à semana passada.

A dúvida está agora no que fará Pedro Sánchez a partir de hoje: tentar mais uma vez formar um governo recorrendo apenas ao seu partido e tentando convencer a esquerda a apoiá-lo ou a direita a abster-se de o reprovar; ou voltar às muito difíceis negociações com o Unidas Podemos – que mais uma vez está do lado dos derrotados da noite – e agora também com o Más Pais (que surgiu de uma dissidência dentro do Podemos), algo que por certo Pedro Sánchez quer evitar a todo o custo, depois do triste espetáculo ocorrido durante o início do verão passado.

De qualquer modo, Espanha está definitivamente no grupo cada vez mais numeroso de países ‘ingovernáveis’, onde sucessivas eleições não conseguem alterar o impasse político em que caíram. Essa evidência tem levado a geometrias políticas que noutras circunstâncias seriam consideradas praticamente ‘contra natura’, como é o caso mais óbvio da coligação entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas, que liderou o governo de Itália durante cerca de um ano. Espanha está neste clube há alguns anos e o seu membro mais recente é Israel – onde o presidente tem andado de partido em partido na tentativa de poder dar posse a um governo.

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