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Espanhóis atrasaram adesão de Portugal à CEE, revela Felipe González

Estas declarações de Felipe González foram prestadas hoje de manhã na cerimónia que marcou a atribuição do nome de Mário Soares a uma das salas do Parlamento Europeu.
31 Janeiro 2018, 17h52

O antigo presidente do governo de Madrid Felipe González afirmou hoje, quarta-feira, dia 31 de janeiro, que foram os espanhóis que impediram durante anos a adesão de Portugal à então CEE.

Citado pela edição online do Diário de Notícias, Felipe González falava na cerimónia de inauguração da Sala Mário Soares no Parlamento Europeu, em Bruxelas, tendo afirmado que “Portugal tinha acabado o seu processo de negociação” e estava preparado para entrar graças ao trabalho de “um grande europeísta”, como Mário Soares.

Porém, revelou o ex-primeiro-ministro espanhol, “Portugal atrasou-se por culpa de Espanha” disse, lembrando que “Espanha punha mais problemas e atrasava o processo, enquanto Portugal esperava desnecessariamente”.

Estas declarações de Felipe González foram prestadas hoje de manhã na cerimónia que marcou a atribuição do nome de Mário Soares a uma das salas do Parlamento Europeu.

Mas, em Bruxelas diziam “vão entrar os dois países ibéricos juntos”, o que veio acontecer em 1986, 12 anos depois da Revolução do 25 de abril.

Segundo o Diário de Notícias, González considerou também que a Europa em que Soares acreditava ainda está por construir, pois “a economia financiada da globalização tem um problema de sustentabilidade, se não corrige a desigualdade na repartição das receitas”.

O homem que chefiou o governo de Madrid entre 1982 e 1996 considera que a Europa vive hoje um momento de acalmia, tendo em conta alguma da recuperação da economia, mas entende que é preciso refletir sobre o que diria Soares, sobre o momento atual.

“Os que nos sentimos próximos do que significa e significou esta sala Mário Soares não podemos considerar superada a crise, até que as feridas de desigualdade, que esta crise deixou na Europa e no mundo não estejam saradas de maneira justa, de acordo com o espírito europeu”, disse.

A cerimónia contou com a presença dos filhos de Mário Soares e a do primeiro-ministro, António Costa, que destacou o papel de Soares na construção de uma Europa democrática, considerando-se merecedor da distinção de ter o nome perpetuado, na casa da democracia, entre o de outros históricos da Europa.

“Com esta homenagem que aqui prestamos hoje, o nome de Mário Soares junta-se merecidamente no Parlamento Europeu, aos nomes de outros europeus ilustres como [Konrad] Adenauer, Altiero Spinelli, Willy Brandt, Simone Weil, de alguns dos quais ele foi pessoalmente amigo”, recordou António Costa.

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