[weglot_switcher]

Especialistas divididos: há quem defenda regresso da máscara no interior, mas outros preferem o vírus a circular

Por um lado, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tatto Borges, defende o regresso das máscaras no interior, Por outro, o virologista Pedro Simas diz que o vírus deve circular e que o aumento de infeções não é preocupante. 
16 Maio 2022, 16h50

Os casos de Covid-19 têm aumentado, com a Direção Geral de Saúde (DGS) a divulgar mais de 99 mil infeções numa semana, mas no que toca a opiniões sobre esta subida os especialistas contactados pelo Jornal Económico (JE) divergem. Enquanto que o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tatto Borges, defende o regresso das máscaras no interior, o virologista Pedro Simas diz que o vírus deve circular e que o aumento de infeções não é preocupante.

Na passada sexta-feira a DGS divulgou mais 99.866 infeções por Covid-19 e mais 142 mortes. A incidência do vírus SARS-CoV-2 em Portugal era de 970 casos por 100 mil habitantes (mais 31%) e o risco de transmissibilidade (Rt) fixou-se nos 1,13.

De forma a combater este aumento, Gustavo Tatto Borges afirma que as máscaras têm de voltar. “Penso que o Governo terá que avaliar a situação e terá  que pensar muito seriamente no regresso no uso obrigatório de máscara aos espaços fechados. Penso que não há grande forma de fugir a isto porque vimos que o numero de casos têm aumentado de forma substancial e se não tivermos controlo sobre esta situação podemos te rum problema gravíssimo outra vez, em termos epidemiológicos”, referiu o médico de saúde pública ao JE.

Para Tatto Borges o fim da obrigatoriedade de uso de máscara em espaços fechados foi um dos principais eventos que impulsionaram o crescimento de casos.  “Houve um evento principal e dois acessórios: O primeiro foi o fim do uso obrigatório de máscara nos espaços fechados que não foi feito de forma tão progressiva e cautelosa quanto poderia ter sido feito. Deviam ter decretado o fim só em ambiente escolar. Depois, de uma forma acessória tivemos também os grandes encontros académicos para além disso também os festejos do futebol clube do Porto”, sublinhou, reforçando que tudo começou com a queda no uso de máscara.

Além do regresso das máscaras também a gratuitidade na testagem devia voltar, segundo o especialista, que diz que o executivo de Costa devia estabelecer dois testes gratuitos por mês.

“A testagem foi outro ponto que não ajudou nada à situação. acabando os testes gratuitos nas farmácias as pessoas deixam de ter acesso fácil para se testarem de uma forma reconhecida no sistema e houve muitas pessoas que não foram diagnosticadas outras”, considerou.

Por outro lado, Pedro Simas defendeu ao JE que o aumento de casos não é preocupante. “Pela primeira vez o Sars cov 2 está a entrar no padrão de evolução esperado”, sublinha o virologista, acrescentando que “vão sempre existir sublinhagens da ómicron”. “Esta é uma situação normal, estamos todos protegidos”, acredita.

Embora admita que os ajuntamentos contribuíram para que se acumulassem mais infeções, o especialista aponta que isso acontece com “todos os outros vírus” e como tal não representa nada de novo. Pedro Simas recorda que surgiram variantes da Omicron, a BA4 e BA5 que eventualmente vão representar 100% das infeções e então a partir daí será esperado uma quebra.

Assim sendo, o aumento de casos, para Pedro Simas, “são boas notícias”, uma vez que “é importante o vírus circular”. O especialista alerta que atualmente o vírus está numa fase endémica e que “tem pequenas flutuações”, que vão aumentar no inverno, quando as pessoas estão com sistema imunitário mais fragilizado.

Pedro Simas acrescentou ainda que “toda a gente vai ser infetada várias vezes” pela Covid-19 e que é importante “transformar a imunidade vacinal numa imunidade natural”

 

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.