A administração do grupo Bankinter apresentou hoje, em conferência de imprensa, os seus resultados de 2022 e neles os números da atividade da sucursal em Portugal. Numa apresentação feita pela CEO, María Dolores Dancausa, e pelo CFO, Jacob Diaz, o banco falou do potencial aumento do risco da carteira de crédito fruto da conjuntura macroeconómica adversa.
“A carteira de crédito à habitação a taxa variável em Portugal está protegida do ponto de vista do risco e as negociações com os clientes vão ser tratadas como reestruturações regulares” disse, na conferência de imprensa do Bankinter, o administrador financeiro Jacob Diaz, quando questionado sobre se a reestruturação ao abrigo do diploma do Governo vai dar direito a marcar os clientes como de risco. “De qualquer maneira ainda não tivémos pedidos de reestruturação relevantes”, disse.
O administrador financeiro referiu que, mesmo em Espanha, os pedidos de adesão às medidas de apoio governamental são reduzidas.
O rácio de crédito malparado em Portugal é de 1,3%, revelou a administração do Bankinter. “Esperamos que este ano o rácio seja um pouco pior por causa da subida dos juros (e por causa do impacto da inflação)”, disse Jacob Diaz na conferência de imprensa.
Sobre o custo do risco de crédito o administrador do Bankinter referiu que a nível do grupo espanhol em 2022 este rácio fixou-se em 0,35% e que esperam este ano um agravamento ligeiro para os 0,40%. Isto para dizer que a subida das novas imparidades para crédito para 2023 em Portugal ou no grupo consolidado não preocupam excessivamente a instituição.
As provisões consumiram a subida dos resultados em Portugal em 2022, que sem elas teriam crescido 47% para 96 milhões. O Bankinter Portugal reforçou as provisões para riscos em 22% para 19 milhões de euros.
A sucursal Bankinter Portugal apresentou resultados antes de impostos de 78 milhões de euros, mais 54% do que em 2021.
Sobre a subida dos depósitos em Portugal o administrador do Bankinter espanhol diz que será analisado caso a caso em função das necessidades dos clientes, podendo passar pela oferta de produtos vários que ofereçam mais rentabilidade. Não avançando assim com uma subida generalizada dos depósitos.
O Bankinter Portugal revelou ainda que melhorou o rácio de eficiência que mede os custos sobre os proveitos de 56,8% para 49,5%.
A margem financeira cresceu 35% para 133 milhões de euros. A receita de comissões avançou 8% face a 2021 para 66 milhões de euros. Mas os custos também subiram, embora menos que as receitas, o que explica a melhoria da eficiência. Os custos da sucursal em Portugal subiram 9% para 94 milhões de euros.
“Nos vários países em que o Bankinter opera, o resultado pode definir-se como muito positivo. Este é o caso de Portugal, onde o volume de negócio gerido não deixou de crescer desde a chegada do banco ao país”, revela o banco espanhol.
“A conta de resultados do Bankinter Portugal obtém em 2022 indicadores muito relevantes, com base num crescimento da margem de juros de 35%, 25% da margem bruta e 47% da margem antes de provisões. Tudo isto se traduz num resultado antes de impostos de 78 milhões de euros, 54% superior ao de 2021”, detalha o Bankinter que está hoje a apresentar os seus resultados anuais.
Somando os recursos de balanço, recursos fora de balanço e o crédito, o Bankinter Portugal alcança os 18.200 milhões de euros de volume de negócio, o que traduz uma subida de 6% face a 2021 e compara com os 11.400 milhões de euros de 2017 (+59,6%), altura em que o Bankinter comprou a operação em Portugal.
Crédito cresceu 15% para 8 mil milhões de euros e os recursos de clientes subiram 9% para os 6.400 milhões
O Bankinter Portugal reporta 8 mil milhões de euros de crédito em 2022, crescendo 15% face a 2021. O que inclui 5,6 mil milhões de banca comercial (+13% num ano) e 2,4 mil milhões na banca de empresas (uma área que foi criada de raiz em 2017) traduzindo uma subida anual de 20%.
A captação de recursos de clientes em 2022 somou 6,4 mil milhões de euros traduzindo uma subida anual de 9% face a 2021, dos quais 3,9 mil milhões são recursos fora do balanço, menos 10% do que em 2021.
O grupo espanhol apresentou ainda os dados do Bankinter Consumer Finance que inclui a atividade em Portugal, Irlanda e naturalmente em Espanha. Aqui a carteira de crédito soma já 5,5 milhões de euros (+55%), dos quais 1,6 milhões de euros são hipotecas na Irlanda e o resto, negócio de consumo. Há 2,6 milhões de euros em empréstimos ao consumo e no negócio de cartões nas suas diversas modalidades.
Dos 5,5 mil milhões de euros há três mil milhões de nova produção. O custo do risco de crédito do Bankinter Consumer Finance é de 2,5% e o rácio de crédito malparado é de 4,2%. O rácio de eficiência do banco de crédito ao consumo é de 29%.
A presidente do grupo espanhol Maria Dolores Dancausa voltou a dizer que “não temos nenhuma intenção de comprar um banco em Portugal”, frisando a intenção de manter a política de crescimento orgânico.
A CEO do grupo Bankinter disse ainda que em Portugal já estão a fazer operações de banca de investimento, acabaram de adquirir o Atrium Saldanha e “estamos a estudar outros veículos em que também vamos participar”.
“O Bankinter Portugal vai ser muito ativo em colocar nos clientes este tipo de investimentos alternativos”, disse María Dolores Dancausa.