É por demais evidente que a Transformação Digital está na ordem do dia. O que não é tão óbvio é o impacto que esta tem num Departamento Financeiro. E este ponto merece uma reflexão precisa sobre o efeito que a tecnologia tem nesta área da empresa, e acima de tudo sobre o seu envolvimento e papel neste processo.

Todos conhecemos a imortal fábula de La Fontaine “A lebre e a tartaruga”. Escusado será contar a história ou a sua moral. Já não será tão escusado dizer que, hoje, passámos todos para o outro lado o espectro. A tartaruga dificilmente vence uma lebre tecnológica. Porque a antiga máxima “devagar se vai ao longe” deixou de se aplicar à gestão de um departamento financeiro das empresas.

Hoje, a velocidade é um trunfo para qualquer organização, e o papel que um departamento financeiro ágil assume nesse processo não é compatível com pequenos passos de tartarugas. E, nesse sentido, não será de estranhar que a IDC afirme, num dos seus estudos, que é necessário que este mesmo departamento contribua para a velocidade, os dados e a eficiência de custos.

Imagina-se o que seria uma empresa a alta velocidade sem que a área financeira a acompanhasse? Sem dúvida que seria uma empresa tão rápida e tão eficiente quanto a sua tartaruga mais lenta.

As prioridades tornam-se óbvias. Evidentes para todos. A transformação digital de um departamento financeiro não pode ser “fazer o mesmo com novas ferramentas”; assume um novo papel de impulsionador do negócio num contexto cada vez mais complexo. E, para tal, é necessária uma mudança de mentalidade.  Não basta ter a contabilidade em ordem, é necessário dotar estes profissionais e estas equipas da capacidade de tratar dados de forma precisa, que permita extrair “insights” de negócio para a tomada de decisão.

O departamento financeiro da era digital contribui para a visão de futuro da empresa, para a clarificação do estado do negócio, e dos riscos que enfrenta. Algo que é extraordinariamente fundamental num mundo cada vez mais incerto, por muitos apelidado de “mundo VUCA”, onde a velocidade de conhecimento e decisão são alavancadas por software, automatização e os chamados dashboards de gestão.

À medida que os departamentos financeiros evoluem para uma capacidade de consultoria interna, também o papel das equipas acompanha esse caminho. Por exemplo:

  • Aumento de influência: à medida que a função financeira reforça o apoio à decisão do negócio passa a ter um papel de maior influência dentro da organização;
  • Criação de valor: o departamento financeiro aportará cada vez maior valor através de análises, insights e pareceres a nível da gestão de recursos, e não só na gestão de pagamentos;
  • Gestão de risco: a capacidade de análise fará com que a sua evolução passe por um aumento da função de proteger o negócio e reduzir os riscos de exposição de uma empresa ao mercado;
  • Precisão da execução: com ferramentas tecnológicas, o erro humano será reduzido, aumentando a eficiência e o desempenho dos profissionais capacitados digitalmente nesta área.

Este reforço do papel dos departamentos financeiros, fruto da transformação digital, passa pelo aumento da capacidade humana através de software, que automatiza muitos dos processos mais tradicionais, e até agora feitos por humanos, e os liberta para funções mais estratégicas, com informação em tempo real, e um apoio sustentado à decisão de negócio.

Sempre com a vantagem de velocidade do negócio, que permite saber, decidir e fazer mais rápido que a concorrência. Esta transformação não é para tartarugas financeiras, é para lebres tecnológicas.