Estados Unidos: Primárias democratas já começaram

O Estado de Iowa foi o primeiro a ir a votos nas primárias democratas, que vão escolher o adversário de Donald Trump. É pouco representativo – Trump perdeu aí em 2016 – mas tem a função de dar o tiro de partida.

Num ano de eleições para a presidência dos Estados Unidos em que o grande desafio é desalojar o atual inquilino da Casa Branca e impedir um segundo mandato de Donald Trump, os democratas começaram ontem um longo e possivelmente penoso caminho para encontrarem o nome que lhes parecer mais indicado para cumprir esse ‘caderno de encargos’.

Segundo as sondagens, três candidatos seguem à frente na preferência dos democratas: Joe Biden, Bernie Sanders e Elizabeth Warren. Depois deles surge Mike Bloomberg – por muitos considerado o único a poder fazer frente a Trump, dado ter várias semelhanças com o atual presidente, mas que não concorre neste círculo – e mais atrás o jovem Pete Buttigieg e a senadora Amy Klobuchar.

No trio da frente pontifica o homem que assegura todas as atenções: foi por causa dele que Trump se viu envolvido no processo de impeachment que ainda corre contra ele. Os seus críticos adiantam que, se não fosse essa exposição, Biden há muito que teria sido relegado para parte incerta nas sondagens e não seria um dos favoritos.

Quanto a Sanders e Warren, as suas candidaturas são uma espécie observada como correndo dentro do mesmo segmento – a fação mais esquerdista dos democratas – o que acaba por anular, dizem os analistas, a capacidade de vitória que cada uma delas teria se a outra não existisse. Pior ainda, esta ‘concorrência’ pode acabar por deixar órfã a esquerda dos democratas e retirar ao partido a capacidade para responder àquilo que parece ser uma parte importante do eleitorado.

Seja como for, o ‘tido de partida’ das primárias foi dado e Iowa, numa corrida onde estão presentes 11 candidatos e que durará meses. Esse tempo pode vir a ser penoso para a próprio partido, dado ser uma altura em que o adversário é também um democrata.

Iowa é um Estado de pouco mais de três milhões de habitantes, que têm pouco peso quantitativo, mas representa a primeira grande aproximação a resultados que vão mais além que as sondagens. Os candidatos que obtiverem maus resultados – ou seja, que consigam eleger poucos delegados, que serão mais tarde os que votarão nos candidatos durante a convenção nacional do partido – perderão doações e por isso capacidade de continuarem; ao contrário, os vencedores ficarão com um lugar seguro nas audiências e a comunicação social tenderá a mantê-los no primetime.

Seja como for, num Estado onde os democratas têm 41 lugares de delegados em aberto, uma vitória ou uma derrota quer, apesar de tudo, dizer pouco: em 2016, Trump não venceu em Iowa, e Hillary Clinton e Bernie Sanders saíram de lá praticamente empatados. Iowa é um estado eminentemente branco (apenas 6% da piopulação é de ascendência hispânica), o que quer dizer que é pouco representativo da diversidade do país. Pela primeira vez, será divulgado o número absoluto de votos obtido por cada um (a votação decorria durante a noite em Portugal), o que poderá mudar um pouco as leituras posteriores.

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