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“Estamos a cometer um erro. Gerações futuras não vão perdoar”. Blair volta a criticar Brexit

Antigo primeiro-ministro do Reino Unido defendeu esta quinta-feira num artigo de opinião, publicado no El País, que o Brexit é uma decisão incompreensível não só para os britânicos como para o resto do mundo.
4 Janeiro 2018, 16h05

Num artigo de opinião, publicado esta quinta-feira no El País, Tony Blair defendeu o direito dos britânicos mudarem de opinião e critica o Partido Trabalhista (Labour’s Party) pela sua “débil posição” face ao Brexit. O antigo primeiro-ministro britânico diz que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) é a “decisão mais importante da nação” anglo-saxónica.

“Nunca escondi o desejo de que a Grã-Bretanha permaneça na União Europeia. Esta é a decisão mais importante que temos de tomar como nação desde a Segunda Guerra Mundial, numa decisão que vai determinar o destino dos nossos filhos nas próximas décadas”, pode ler-se no início do artigo de Tony Blair. “Estou convencido que estamos a cometer um erro que o mundo contemporâneo não compreende e que as gerações futuras não vão perdoar”, acrescentou.

Blair disse acreditar que o Reino Unido deve manter-se na UE pela “necessidade de uma aliança num  tempo dominado pelos Estados Unidos no Ocidente e pela China e Índia no Oriente”, defendendo que a decisão do Brexit não deve ser anulada, antes de se “reivindicar o direito a mudar de opinião” assim que forem conhecidos os termos da saída britânica.

Aquele que foi primeiro-ministro britânico entre 1997 e 2007 não contestou a votação de 2016, mas argumentou que “à medida que mais informações são reveladas e a negociação [entre ingleses e UE] progride” os britânicos verão qual a real alternativa à UE e, por isso, dever-se-à procurar aferir “se a ‘vontade do povo’ – uma expressão que é abusada – é imutável ou permite mudar quando a perceção da realidade for baseada em melhores informações”.

Numa altura em que, segundo Tony Blair, o governo de Theresa May negoceia com a Europa a saída britânica das “estruturas políticas e económicas europeias, acordando, porém, vantagens económicas que mantenham a Europa próxima” dos ingleses, não deixando cair a ideia de um eventual “acordo de comércio livre básico”, o antigo governante criticou ainda – “por razões estratégicas e táticas” – a posição do Partido Trabalhista, do qual é militante.

“Gostaria que os trabalhistas mantivessem a superioridade moral de uma política progressista, com a qual explicaram que ficar na União Europeia é a melhor solução, por razões económicas e políticas”, pode ler-se no artigo de opinião de Tony Blair.

Blair defendeu que os trabalhistas poderiam tirar partido político da atual situação britânica: “o Partido Trabalhista poderia atacar com força os fracassos deste governo, desde o penoso estado do serviço nacional de saúde até à taxa de criminalidade, que devido à falta de apoio à polícia voltou a aumentar. Para isso, [Jeremy Corbyn] deveria dizer que estas seriam coisas solucionáveis não fosse o governo aplicar todas as energias e grandes quantidades de dinheiro no Brexit”.

Tony Blair foi perentório ao escrever que a atitude dos trabalhistas deixará o partido numa “posição vulnerável”, quando Theresa May e o seu executivo concluir o acordo do Brexit ainda este ano.

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