Contra muitas previsões de que se trataria de uma quimera e de um epifenómeno, a bitcoin continua a fazer o seu caminho. Surgiu quase sem se dar por ela e paulatinamente tem ganho reconhecimento, adeptos, utilidade e também uma crescente aceitação institucional.

Evidentemente, ainda persistem dúvidas sobre qual será o papel da bitcoin, que muito dependerá das decisões dos governos e bancos centrais. O establishment está naturalmente cauteloso quanto aos riscos de evasão fiscal e às ameaças que este tipo de ativos podem trazer à estabilidade financeira e aos atuais sistemas de pagamentos.

Nos últimos dias têm surgido alguns desenvolvimentos que mostram um interesse crescente pelas criptomoedas por parte de intervenientes bastante consolidados no sistema financeiro. A Paypal anunciou que irá começar a autorizar os clientes do Reino Unido a comprar, vender e deter bitcoin, ether e litecoin, rivalizando com os serviços de outras empresas como a Revolut.

Também esta semana, o Citigroup admitiu estar a equacionar permitir aos seus clientes transacionarem futuros de bitcoin e, posteriormente, ETF de criptoativos. E, nesta quarta-feira, soube-se que a DTI Foundation irá criar “etiquetas” para identificar bitcoin, ether e outras criptomoedas para permitir a monitorização de transações nos mercados financeiros e assim atender às necessidades dos reguladores em identificar transações e medir o risco que lhes está associado. Será o equivalente ao ISIN que já existe nas ações, obrigações, derivados e outros ativos.

Este são sinais claros de mais uma etapa na institucionalização das criptomoedas enquanto veículos de investimento. Sem prejuízo da pressão regulatória que irá certamente sofrer, é um mercado que dá cada vez mais sinais de que está aqui para ficar.