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Este será o ano mais lucrativo para os bancos portugueses, defende Alvarez & Marsal

Este ano será o melhor ano para a receita dos bancos portugueses, por causa do repricing dos ativos, fruto da subida dos juros do crédito e da maior lentidão na subida dos depósitos.
31 Maio 2023, 12h44

A Alvarez & Marsal (A&M) apresentou as conclusões do segundo Banking Pulse Report Portugal (com dados do quarto trimestre 2022), e o senior director Eduardo Areilza defendeu que, apesar de 2022 ter sido um ano bom para a banca em termos de receitas, 2023 será o melhor ano para o produto bancário dos bancos portugueses, por causa do repricing dos ativos, fruto da subida dos juros do crédito e da maior lentidão na subida dos depósitos.

Em 2022 o aumento anual agregado da receita de margem financeira dos sete bancos analisados foi de 77,2% para 2,536 mil milhões de euros.

O consultora analisou os sete maiores bancos em Portugal na sua atividade no seu país (Caixa Geral de Depósitos, Millennium BCP, Santander, Novobanco, Banco BPI, Crédito Agrícola, Banco Montepio).

A análise da A&M mostra que a margem líquida de juros (Net Interest Income), em média, aumentou em comparação com o ano passado para 1,25%, devido ao aumento das taxas.

“A partir de meados de 2022, a Euribor ultrapassou o seu intervalo negativo, situando-se acima dos 3%. A receita operacional do sector melhorou para 2,2%”, segundo a consultora.

Na óptica do investidor, o responsável da consultora considera que no Top 3 dos bancos portugueses estão o BPI, a CGD e o Santander.

O ranking da A&M para os grandes bancos é liderado pelo BPI, seguido da Caixa Geral de Depósitos e do Santander.

Segundo o “scorecard” da A&M estes três bancos foram os “top performers” de 2022 e os Banco Montepio e BCP foram os piores.

A melhoria das pontuações em todos os indicadores – quer do balanço (crédito e depósitos), quer de liquidez, quer de eficiência, quer de risco, quer de rentabilidade ou mesmo de capital – face a 2021, é uma das conclusões do estudo.

O Novobanco registou a maior amplitude de melhoria num ano e é o único que regista uma sustentável subida na pontuação ao longo dos quatro trimestres.

Já no último trimestre o aumento mais acentuado foi no Crédito Agrícola.

A Alvarez & Marsal considera que a liquidez é a maior força dos sete bancos ao mesmo tempo que o crescimento do crédito e depósitos continua modesto.

Em termos de rentabilidade (lucros) os campeões em 2022 foram o Novobanco e o Santander Totta.

O pior da análise é o Banco Montepio devido aos baixos lucros e pior rácio de eficiência.

O primeiro tópico da análise é um resumo da rendibilidade e produtividade dos bancos portugueses. Em termos de clientes, o Banco BPI e a Caixa Geral de Depósitos apresentam os rácios de rendibilidade mais elevados.

O Santander e a Caixa apresentam o maior volume de negócio em relação ao total de empregados e a maior produtividade por balcão.

Por sua vez o Banco BPI e o Millennium BCP lideram o top 7 dos bancos em clientes digitais.

No encontro com a imprensa estiveram presentes o Managing Director da A&M Portugal, Mário Trinca, o Senior Diretor da A&M, Eduardo Areilza, e o Senior Advisor da A&M, António Ramalho.

“Nesta edição (quarto trimestre de 2022), partilhamos os resultados do nosso estudo sobre os sete maiores bancos portugueses, no que diz respeito às suas atividades em Portugal. O Banking Pulse Report tem como objetivo ajudar os executivos bancários e os membros dos conselhos de administração a manterem-se atualizados sobre as tendências do sector”, refere a consultora.

O Pulse Report, da consultora norte-americana Alvarez & Marsal (A&M), relativo ao último trimestre do ano de 2022, conclui ainda que a rentabilidade dos bancos (ROE) aumentou para 9,3%, em média, subindo 4,1 pontos percentuais, em relação ao mesmo período de 2021.

“Os bancos portugueses estão a aproximar-se do seu objetivo de rendibilidade de dois dígitos, mantendo-se acima da média europeia de 8%”, conclui a A&M.

Por sua vez, o custo do risco de crédito está em tendência decrescente, com uma redução de 18 pontos-base em relação ao final de dezembro de 2021, assim como o rácio de NPL (Non-Performing Loans), que diminuiu para 3,16%, acima da média europeia (1,8%).

A consultora concluiu ainda que os níveis de solvência do sector diminuíram para 14,72%, principalmente devido ao pagamento de dividendos e aos programas de recompra de ações. Em termos comparativos, os bancos europeus continuam a apresentar níveis de solvabilidade mais elevados, na ordem dos 15%.

“Os bancos portugueses terão de avaliar os seus níveis de solvabilidade e resiliência em comparação com os bancos europeus nos testes de esforço de 2023”, acrescenta.

Já no que se refere à eficiência do sector está piorou em 83 pontos-base em comparação com o ano anterior, situando-se em 47,49%, “aguardando futuras pressões inflacionistas sobre os custos”.

A A&M observou uma maior produtividade por balcão de todos os sete bancos. A CGD obteve o maior ganho de produtividade em termos de volume de negócios por balcão.

Durante 2022, o rácio de NPL (malparado) foi reduzido em todas as entidades para 3,16%, devido a uma diminuição dos empréstimos não produtivos, que foram reduzidos em 25% no último ano, juntamente com as atividades de venda de carteiras dos maiores bancos.

“A cobertura mantém-se estável, acima dos 90%. Em comparação com a média europeia, os empréstimos não produtivos continuam a ser elevados”, alerta a A&M.

Os bancos com o nível mais elevado de NPLs são o Novobanco e o Crédito Agrícola.

O estudo analisa a evolução dos sete maiores bancos portugueses em termos de crescimento e liquidez, eficiência, risco, rendibilidade e solvabilidade ao longo de 2022, destacando os principais indicadores de desempenho do setor e pontuando-os de acordo com os KPIs (Key Performance Indicator) relacionados com cada área de análise.

O objetivo do Pulse Report é ajudar o sector bancário e os membros dos conselhos de administração a manterem-se a par das tendências do setor. Todos os dados utilizados no relatório foram obtidos de fontes públicas.

Adicionalmente, o relatório apresenta uma síntese dos rácios de rendibilidade, produtividade e eficiência e, na sequência dos acontecimentos dos últimos meses, incluímos também uma análise dos bancos portugueses e dos principais países europeus sobre as carteiras Held-to-maturity (HTM) e a qualidade dos depósitos.

A Alvarez & Marsal “desenvolveu uma análise dos bancos portugueses e dos principais países europeus sobre as carteiras Held-To-Maturity (detido até à maturidade) e a qualidade dos depósitos”.

“O Crédito Agrícola, o Banco Montepio e o Novobanco têm mais de 25% de depósitos a prazo Held-To-Maturity sobre depósitos, acima da média da UE de 15,8%”, lê-se no comunicado.

Em termos de Depósitos de Clientes, o Millennium BCP e o Novobanco têm a maior percentagem de depósitos non-retail (empresas), com 30% e 29%, respetivamente. 26,8% dos depósitos de clientes no sector bancário português são non-retail (empresas), o que é inferior à média da UE de 35,20%.

No panorama europeu, diz a consultora, França tem a maior percentagem de depósitos non-retail em relação ao total de depósitos de clientes, com 39,6%. Os títulos de dívida HTM em Espanha estão 5 pontos-base acima da média da UE. A Itália tem a maior proporção de títulos de dívida HTM em relação ao total de depósitos de clientes, com 22,1%.

(atualizada)

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