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Estudo conecta riscos climáticos a 58% das doenças infeciosas

Já há algum tempo que os especialistas conectam a doença ao clima, mas este estudo mostra o quão ampla é a influência do clima na saúde humana.
8 Agosto 2022, 18h16

Um estudo divulgado pela revista Nature, e citado pela “Associated Press”, concluiu que os riscos climáticos como inundações, ondas de calor e seca pioraram mais da metade das centenas de doenças infeciosas conhecidas, incluindo malária e cólera.

Os cientistas descobriram que 218 das 375 doenças infeciosas humanas conhecidas, ou 58%, parecem ter sido agravadas por um dos 10 tipos de clima extremo ligados às mudanças climáticas.

Já há algum tempo que os especialistas ligam a doença ao clima, mas este estudo mostra o quão ampla é a influência do clima na saúde humana.

“Se o clima está a mudar, o risco dessas doenças também está a mudar”, disse o co-autor do estudo, Jonathan Patz, diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Wisconsin-Madison.

Outro dos autores do estudo, Camilo Mora, recordou um exemplo de desastre natural que mais tarde se traduziu numa doença infeciosa. Há cerca de cinco anos a casa de Mora na zona rural da Colômbia foi inundada, criando um terreno ideal para mosquitos e Mora contraiu Chikungunya, um vírus desagradável transmitido por picadas de mosquito. E mesmo tendo sobrevivido, ainda sente dores nas articulações.

Além de analisar doenças infeciosas, os cientistas estenderam o estudo para analisar todos os tipos de doenças humanas, incluindo doenças não infeciosas, como asma, alergias e até mordidas de animais, para ver quantas doenças e poderiam conectar aos riscos climáticos. Os especialistas encontraram um total de 286 doenças únicas e dessas 223 pareciam ser agravadas por riscos climáticos, nove foram diminuíam por riscos climáticos e 54 tiveram casos agravados.

O estudo também chegou a conclusões sobre a Covid-19. Em alguns casos, o calor extremo em áreas pobres fez com que as pessoas se reunissem para refrescar e ficassem expostas à doença, mas em outras situações, chuvas fortes reduziram a propagação da Covid porque as pessoas ficaram em casa e dentro de casa, longe de outras.

Apesar das conclusões há quem levante algumas questões sobre o estudo. “Os autores não discutiram até que ponto os riscos climáticos mudaram ao longo do período do estudo e até que ponto quaisquer mudanças foram atribuídas às mudanças climáticas”, sublinhou Kristie Ebi, especialista em alterações climáticas da Universidade de Washington.

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