As autoridades dos EUA estão a alertar os países africanos contra a compra de cereais roubados na Ucrânia, à medida que alguns países se aproximam da Rússia para diminuir os preços dos alimentos e evitar a fome, segundo o “The New York Times”.
Os EUA enviaram um alerta em meados de maio para 14 países, com foco em África, de que vários navios de carga russos estavam a vender “cereais ucranianos roubados”.
O relatório norte-americano chega numa altura em que as agências humanitárias alertam sobre as consequências da disrupção das cadeias de abastecimento dos alimentos, interrompidas pelo eclodir do conflito na Ucrânia e dias após alguns líderes africanos estarem reunidos com o presidente russo, Vladimir Putin, para discutirem a exportação de cereais.
Putin encontrou-se na sexta-feira passada, 3 de junho, com Macky Sall, presidente do Senegal e presidente da União Africana, bem como o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, na residência do líder russo na cidade turística de Sochi, no Mar Negro.
Após a reunião, Mahamat escreveu no Twitter que os líderes pediram a suspensão das sanções impostas pelo ocidente à Rússia para permitir a exportação de cereais que ele disse serem necessários para mitigar uma crescente crise alimentar e energética no continente africano.
“A Rússia está pronta para garantir a exportação do seu trigo e fertilizantes”, referiu Sall num tweet, acrescentando que também estava disposto a encontrar-se com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
De acordo com dados das Nações Unidas, a Ucrânia e a Rússia, juntas, produzem quase 30% do trigo e da cevada do mundo, bem como um quinto do milho e mais de metade do óleo de girassol.
Zelensky alertou sobre uma terrível escassez de alimentos devido à ocupação russa do seu país durante o Fórum Económico Mundial, que aconteceu no mês passado.
O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas anunciou num relatório, divulgado em abril, que o número de pessoas com fome aumentará em 33 milhões para 47 milhões de pessoas devido ao conflito na Ucrânia. O relatório antecipa que os países da África Subsariana sejam os mais afetados pela interrupção.
A África depende da Rússia e da Ucrânia para mais de 40% das suas importações de trigo. Tanzânia, Ruanda e Senegal importam 60% do seu trigo dos dois países, com a Somália e o Benim a dependerem a 100% dos dois países para importar trigo.
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