O crescimento norte-americano em 2021 surpreendeu pela positiva, em particular os 6,9% registados no último trimestre do ano, mas uma análise mais detalhada encontra alguns pontos de preocupação para os responsáveis daquele país, sublinham os analistas. Em particular, o investimento alavancou significativamente este indicador, algo que não se deverá arrastar para o início deste ano.

Os valores reportados esta quinta-feira para a maior economia do mundo mostram um crescimento anual de 5,7% em 2021, um valor não registado desde 1984 e que surpreendeu os mercados. No entanto, olhando para as várias componentes do indicador, constata-se que há algumas fontes de incerteza e possível abrandamento no futuro próximo.

O principal destaque vai para os inventários no retalho, que influenciaram fortemente os números conhecidos esta quinta-feira, enquanto outras rubricas com maior peso, como o consumo interno, ficaram ligeiramente aquém do esperado. Este último cresceu 3,4%, o que supera os 2% registados no trimestre anterior, mas fica abaixo das estimativas dos analistas do Banco ING.

“Depois de crescimentos em cadeia de 0,7% em outubro e 0% em novembro, isto implica que o crescimento real (ajustado à inflação) do consumo das famílias caiu, em cadeia, 1,1% em dezembro, refletindo a cautela dos consumidores com a Covid”, refere a análise do banco neerlandês, que considera os números “relativamente fracos, tirando os inventários”.

Assim, o departamento de análise financeira e económica do ING alinha-se com a Pantheon Macro na previsão de um prolongamento das dificuldades nas vendas a retalho de dezembro para o primeiro trimestre, projetando uns primeiros três meses com crescimento anémico ou mesmo nulo na maior economia do mundo.

Mesmo considerando os sinais animadores dados pela indústria automóvel, onde a produção também tem vindo a crescer nos últimos dois meses, “qualquer melhoria nesta vertente será, provavelmente, compensada por uma contribuição mais fraca dos inventários”, refere a Pantheon, justificando a sua previsão de 0% de crescimento no primeiro trimestre deste ano.