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EUA: Discussão sobre pagamentos diretos às famílias chega ao Senado, depois da aprovação na Câmara

A sugestão de Trump, que apelidou o acordo que lhe foi apresentado de “tragédia”, que os pagamentos a efetuar ao povo americano deveria ser de mais do triplo do inicialmente sugerido coloca o Partido Republicano numa posição complicada no Senado, em que terá de escolher entre responsabilidade orçamental ou maior apoio à economia, isto numa altura em que a dupla corrida na Georgia que decidirá quem controla o órgão na próxima legislatura entra na última semana.
29 Dezembro 2020, 18h10

A sugestão de Donald Trump de que os pagamentos diretos a efetuar às famílias norte-americanas deveriam ser de 2.000 dólares (1.632,6 euros), ao invés dos 600 (489,8 euros) inicialmente aprovados pelo Congresso após duras negociações, levou agora o assunto a ser novamente debatido entre democratas e republicanos.

Com a Câmara dos Representantes e a sua maioria democrata a aprovarem a sugestão do presidente na câmara baixa do Congresso, a proposta de lei sobe agora ao Senado, cujo controlo recai no partido Republicano.

O presidente cessante reforçou o apelo para que os legisladores aprovem cheques mais generosos com um tweet esta terça-feira. A fação republicana do Senado, onde as propostas democratas de pagamentos diretos mais elevados esbarraram consistentemente durante o ano nas preocupações republicanas com os gastos que a medida representa, está agora pressionada pela tomada de posição do presidente.

Ambos os senadores republicanos pela Georgia que se encontram na disputa dos seus lugares na segunda volta das eleições que ocorrerá a 5 de janeiro já apoiaram publicamente a medida, juntando-se a Marco Rubio e Josh Hawley, os senadores pela Florida e Missouri, respetivamente.

Dada a vantagem de 52-48 dos republicanos no Senado (considerando que ambos os independentes votam mais vezes do lado democrata), caso estes senadores votem de acordo com as suas intenções manifestadas publicamente, a lei CASH, como foi designada a legislação que confere o acréscimo de 1.400 dólares (1.142,7 euros) aos apoios diretos a pagar aos americanos, passará mesmo.

Compete agora ao líder da maioria republicana, Mitch McConnell, ter o jogo de cintura político para lidar com estas pressões internas, isto numa altura em que a posição do partido no órgão legislativo não pode ficar beliscada, sob pena de resultar numa pesada fatura a pagar na Georgia daqui a uma semana.

Relativamente à lei de defesa nacional, cujo veto por Trump ameaçava uma paralisação parcial do Governo federal, esta foi novamente votada na câmara baixa, onde passou com uns expressivos 322 votos a favor e 87 contra. Esta será agora votada pelo Senado, cuja aprovação mais do que esperada deverá formalizar o primeiro anulamento de um veto presidencial no mandato do 45º presidente.

Ainda assim, o senador Bernie Sanders, da ala mais à esquerda do Partido Democrata, já ameaçou não autorizar um voto antecipado desta lei que a Câmara propôs ao Senado, caso McConnell não autorize que os senadores votem a lei CASH. A ameaça torna-se mais real a partir do momento em que o Congresso é suposto fechar os trabalhos deste ano no domingo, 3 de janeiro, o que significa que estas votações terão de ser realizadas até essa data.

Caso McConnell autorize o voto, os republicanos encontram-se numa delicada posição: ou assumem a responsabilidade pelo bloqueio a quantias muito mais favoráveis aos americanos nos cheques de estímulo à economia que estes receberão, ou viabilizam a legislação e arriscam comprometer a sua posição de orçamentalmente responsáveis. Estes 1.400 dólares adicionais significariam um aumento de 464 mil milhões de dólares (378,7 mil milhões de euros) à despesa pública que representa esta legislação, valor que acresce aos 900 mil milhões (734,5 mil milhões de euros) já aprovados.

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