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EUA: Inflação renova máximos de 1982 e deve continuar a aumentar nos próximos meses

A pressão nos preços nos EUA deverá agravar-se com o conflito na Ucrânia, sendo que o banco ING prevê mesmo que possa chegar aos 9% em breve. A inflação energética até abrandou ligeiramente em relação a janeiro, mas voltará a subir, ainda que a economia mostre “ímpeto” suficiente para aguentar o choque, lê-se na análise do banco neerlandês.
  • 9 – Los Angeles, Estados Unidos
10 Março 2022, 18h10

A taxa de inflação nos EUA voltou a acelerar em fevereiro e está já nos 7,9%, sendo que as perspetivas para os próximos meses são de continuação da subida de preços, dada a escalada dos custos da energia que se prolongará ainda mais com o conflito na Ucrânia. O indicador global atingiu máximos de janeiro de 1982, enquanto a inflação subjacente chegou a valores de agosto daquele ano, com 6,4%. Apesar de expressivos, estes números surgem em linha com o esperado pelo mercado.

Apesar da pressão na vertente energética, a inflação dos produtos de energia até ficou ligeiramente abaixo do registado em janeiro, ao acelerar 38% em termos homólogos, quando havia acelerado 40% no mês anterior. O mesmo não aconteceu noutras categorias do indicador, com os custos com habitação a subirem 4,7% e os dos bens alimentares 7,9%, dois valores que superam os 4,4% e 7% registados em janeiro.

O mercado automóvel, que tem sido dos principais motores da evolução recente de preços na maior economia do mundo, também verificou aumentos: os veículos usados estão 41,2% mais caros do que há um ano, quando em janeiro haviam subido 40,5%, enquanto o mercado de novos acelerou marginalmente, passando de 12,2% para 12,4%.

O fenómeno dos preços nos EUA é motivado pela oferta, dadas as perturbações nas cadeias logísticas globais, mas ainda mais pela evolução da procura, depois dos expressivos apoios monetários dados às famílias, destaca a análise do banco ING. Um bom exemplo deste comportamento na procura encontra-se no retalho, cujas vendas estão atualmente 24% acima do registado há dois anos, o último mês antes da chegada da pandemia a solo americano.

Dadas estas circunstâncias, as perspetivas é de o indicador chegue em breve aos 9%, continua o banco neerlandês. No entanto, “o ímpeto da economia é grande”, destacam, o que se combina com uma procura das empresas por trabalhadores que deverá sustentar o consumo interno e o seu contributo para o crescimento este ano.

Na dimensão monetária, a previsão é que a Reserva Federal avance com seis subidas de 25 pontos base (p.b.) das taxas de juro diretoras, mesmo contabilizando os esperados efeitos da situação na Ucrânia. Tal cenário colocaria os juros na casa dos 1,50% a 1,75%, detalha o ING.

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