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EUA: Pete Buttigieg ‘arrasa’ em mais uma sondagem para as primárias democratas

O atual presidente da pequena cidade de South Bend – que ‘resuscitou’ por sua mão – está a ascender de forma meteórica nas sondagens. A idade é apenas um dos atributos que o diferenciam da concorrência.
  • Pete Buttigieg
13 Novembro 2019, 07h47

Há quem diga que é o ‘efeito Trump’ – ou mais propriamente o efeito do impeachment mas também tudo o que está por trás dele: o conluio entre os poderosos, esse que o atual presidente prometeu combater: Pete Buttigieg, de 37 anos, está à frente da corrida às primárias dos democratas norte-americanos.

Não é a primeira vez que o presidente da Câmara de South Bend, no estado de Indiana, surge em destaque, mas desta vez conseguiu a proeza de ‘arrasar’ toda a concorrência: segundo uma sondagem realizada pela Universidade de Monmouth no Estado de Iowa, Buttigieg segue à frente com 22% das intenções de voto, deixando para trás Joe Biden (19%), Elizabeth Warren (18%) e Bernie Sanders (13%), com todos os restantes candidatos a não atingirem sequer os  5%.

Buttigieg destaca-se no meio do emaranhado de candidatos democratas. Desde logo porque é jovem – não é o único, mas os candidatos tidos como favoritos podiam ser seus avós –, assumidamente homossexual e quer “restaurar a democracia” através, entre outros fatores, do desaparecimento do Colégio Eleitoral – elemento do sistema de votação norte-americano que em muitas circunstâncias vai contra a maioria dos eleitores por ter um voto de qualidade. Alterações climáticas, saúde e a imigração são algumas das suas outras bandeiras – e daí a aparente surpresa perante os resultados, que de estado em estado se vão avolumando.

Pete Buttigieg entrou na corrida apenas em abril e tem justificado a sua meteórica ascensão – que ninguém conseguiu antecipar – com o facto de, diz, os norte-americanos estarem à procura de algo de novo. Mas, para os analistas, isso é quase ‘lapaliciano’: há sempre em cada candidato que corre pela primeira vez algo de novo (até no caso de Joe Biden, que nunca antes tinha tido problemas com os negócios do filho).

Para estes mesmos analistas, e apesar de Buttigieg ser presidente de câmara, a verdade é que representa uma espécie de candidato anti-sistema que vem de dentro do próprio sistema – em oposição a Trump, que era anti-sistema e vinha de fora do sistema (político-partidário). A ‘novidade’ de Buttigieg é precisamente que, estando no sistema, quer mudar o que considera que está mal, ao invés (mais uma vez em oposição a Trump) de enveredar pelas boutades populistas que em larga medida ‘atiraram’ o magnata da construção e dos casinos para a Casa Branca.

Enquanto ‘mayor’ de South Bend, cidade com pouco mais de 100 mil habitantes Pete Buttigieg conseguiu atrair pessoas e negócios, e diminuir a taxa de desemprego para cerca de metade.

“Sei que sou a pessoa mais nova nesta conversa (das primárias), mas creio que a experiência de ter liderado uma cidade durante um processo profundo de transformação é algo bastante relevante”, afirmou numa entrevista à CBS. Talvez o ambiente caseiro também tenha ajudado a torná-lo naquilo que é: o pai traduziu a obra do filósofo marxista italiano Antonio Gramsci, um dos pensadores mais influentes da esquerda europeia (e sul-americana) ao longo de todo o século XX (apesar de ter morrido em 1937).

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